quarta-feira, janeiro 16, 2008

As modas do mundo da música: as que vão e as que vêm

O mundo da música é algo fascinante. Algo que, devo dizer, sem o qual não conseguiria viver.

O meu fascínio pela música remonta ao tempo das cassetes, em que gravávamos as músicas para depois as ouvirmos no carro. Lembro-me que um dia, após o meu pai me ter mostrado a música Dennis, Dennis dos Blondie, fui a correr gravar uma cassete com essa música, tendo cometido a proeza de a gravar duas vezes seguidas. Como não havia o repeat...
E depois surgiu o cd. Esse sim, já com repeat. E com mais espaço, e melhor qualidade, e mais super e ultra que tudo o que existira até então. Deu-me a conhecer tudo o que há de bom nesta vida, músicas que ficam e que desaparecem, mas só na e da nossa prateleira.
E com o passar do tempo o mp3 e a geração iPod.

Há aqui um pormenor interessante: as descrições foram diminuindo de tamanho à medida que ia descrevendo a evolução nos suportes de reprodução musical.
E a razão é simples. É que esse pormenor traduz o que se passa na realidade, como em tudo na vida. Uma redução constante dos suportes, tanto em tamanho físico como virtual, qual avião que está prestes a cair e precisa de excluir tudo o que é inútil.
Pois bem, é esse sistema que hoje contrario, embora me seja impossível evitá-lo (basta olhar para o lado direito deste blogue, onde se encontra uma playlist de músicas em formato mp3).
E de todos os suportes de reprodução musical que conheci até hoje, o mais recente foi, sem dúvida, o gira-discos.



Grande suporte das festas e das sessões de cartadas do meu pai, na sua antiga casa, o gira-discos consegue fazer com que criemos uma relação de proximidade e empatia com a música que nenhum dos outros, nem mesmo a cassete, alcança. O limpar o disco, colocar o disco, o cuidado em que pomos a agulha na borda do mesmo e logo depois aquele momento de descontracção em que saboreamos a música (excepto quando nos enganamos nas rotações), fazem do gira-discos um instrumento insubstituível. E foi por isso que entrou cá em casa, neste Natal, o gira-discos na foto em cima colocada. E não chegou sozinho. Veio de mãos dadas com um disco fabuloso dos LCD Soundsystem feito especialmente para a NIKE, que é nada-mais-nada-menos que uma remistura de 45 minutos, como poderão decerto observar na fotografia do mesmo.

Isto sim, é o mundo da música. Não são as carradas de cd's e de mp3 que se sacam do eMule para pormos no iPod ou no mp3. Não são os cd's que vendem milhões. São estes discos, que se ouvem aos bocados e que se apreciam como poucas coisas na vida.

Cumprimentos, Simão Martins

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Colheita Especial

Cada vez mais sou adepto de ouvir música que acompanhe as minhas sessões de estudo, que se estão a tornar progressiva e assustadoramente maiores. Particularmente, música calma e relaxante. Dei por mim a fazer várias playlists de "marranço", e como sou bom rapaz, decidi deixar aqui para vocês uma listinha de sugestões musicais, especialmente seleccionada, até porque também muitos de vós estão igualmente em época de exames. Esta lista tem a particularidade de conter uma mão cheia de músicas que me fazem arrepiar, seja qual for a ocasião em que as oiço. Descubram vocês porquê.

Para ouvir enquanto se estuda, enquanto se trabalha, enquanto se toma um cappuccino quentinho numa noite fria de Inverno, ou para ouvir só mesmo porque sim.


sexta-feira, janeiro 11, 2008

II. Portugal em 2008 - conjuntura demissionária

Qual segundo episódio de uma saga que se prevê um pouco alargada, aqui está a segunda reflexão acerca dos mais recentes acontecimentos, relativamente a figuras públicas e políticas cuja continuidade nos respectivos cargos está, aparentemente, com os dias contados. Primeiro, porque se justificava, em ambos os casos que enunciarei de seguida, que as pessoas em questão apresentassem a sua demissão; em segundo lugar, porque o julgamento da opinião pública é arrasador, e pior que isso, quando arrasa arrasa para sempre, ou se não for pela eternidade fora será com certeza por um longo período de tempo.

E para que o meu discurso não pareça desarticulado ou desleixado manterei uma coerência cronológica. Começarei, portanto, pelo já comentado e espremido triste episódio que teve como protagonista o Inspector-geral da ASAE, António Nunes.
Ora, em plena altura de ressaca emocional e duma primeira habituação à infeliz notícia (para muitos) de que deixaria de se poder fumar em locais públicos fechados, o senhor já referido foi apanhado em flagrante delito (como se costuma dizer), tendo sido fotografado com uma cigarrilha na boca, num casino em Lisboa. O caso já deu pano para mangas e foi prontamente justificado, não de forma muito credível, a meu ver, pelo que se fala de "conflito de interesses com a lei do jogo" e que, segundo o Inspector-geral, a nova lei "não proíbe expressamente o tabaco nos casinos e nas salas de jogos".
Ou muito me andam a enganar as aulas de direito que tenho tido, ou creio mesmo (e corrijam-me se assim não for) que as leis são de aplicação geral a todos os cidadãos. O que eu penso que António Nunes queria dizer é que a nova lei "não proíbe expressamente os inspectores-gerais de fumar em estabelecimentos onde essa atitude é proibida".

O segundo triste, deverei mesmo dizer tristíssimo episódio tem que ver, óbvia e previsivelmente, com a mais recente notícia de que o novo aeroporto de Lisboa vai, afinal de contas, ser plantado em Alcochete. E o elo mais fraco é: Mário Lino.
Pois bem, se as coisas já não andavam a correr de feição ao ministro das obras públicas, desde as declarações de "Alcochete, jamais", então agora está o caldo entornado. Sócrates diz que o ministro tem condições para continuar o "bom trabalho". A minha opinião é clara: Mário Lino deve demitir-se.
É que a política vive muito mal com contradições e coisas do género de desdizer aquilo que disse e afinal parece que as ideias andaram sempre um pouco confusas e que o que viria a dizer não tinha nada a ver com o que disse em primeira instância.

São, portanto, dois claros exemplos de pessoas que, na minha opinião, e estando eu no curso de jornalismo posso afirmá-lo com maior segurança, estão condenadas pela pressão da opinião pública e pelos partidos da oposição. Ainda assim, António Nunes leva alguma vantagem neste aspecto. Primeiro, por estar salvaguardado por investigações e por visíveis incoerências na aplicação da lei que se permitiu transgredir, e em segundo lugar por não ocupar um lugar na esfera política nacional. Por outro lado, a fragilidade da situação de Mário Lino é evidente e a sua continuidade no governo de Sócrates não deverá manter-se por muito mais tempo, sendo então uma atitude demonstrativa de uma certa dignidade a apresentação da demissão dos respectivos cargos por parte das duas figuras já referidas.

Cumprimentos, Simão Martins

I. Portugal em 2008 - uma grave lacuna

2008 não podia ter começado da melhor maneira (passo a ironia), no que toca à diplomacia e credibilidade política do nosso país.


É bem conhecida a situação relativa ao Tratado de Lisboa, nomeadamente o suposto prestígio que trouxe a Portugal, com a sua realização no nosso país, bem como o recente alarido em torno da forma como este será ratificado: por via do referendo, consultando a opinião popular; via parlamentar, sendo que a decisão caberá aos representantes de cada partido político na Assembleia da República.
Relativamente a esta questão, creio que há aqui uma discrepância um tanto ou quanto relevante, e que vale a pena referir. Decidi investigar um pouco o que havia nesta coisa toda do compromisso em relação ao referendo, e denotei que de facto está no programa deste governo uma parte bem interessante e que transcrevo para aqui:

"No curto prazo, a prioridade do novo Governo será a de assegurar a ratificação do Tratado (tratado constitucional europeu) acima referido. O Governo entende que é necessário reforçar a legitimação democrática do processo de construção europeia, pelo que defende que a aprovação e ratificação do Tratado deva ser precedida de referendo popular, amplamente informado e participado, na sequência de uma revisão constitucional que permita formular aos portugueses uma questão clara, precisa e inequívoca."

Programa de governo, capítulo V (
PORTUGAL NA EUROPA E NO MUNDO), I. Política externa.

Como será da concordância de todos, e aqui até os cegos vêm, há um incumprimento duma importante alínea do programa do actual governo, por parte do Primeiro Ministro José Sócrates.
Independentemente do apoio que lhe tenho dado desde a sua tomada de posse, este foi um ponto em que realmente pecou, não sendo relevante que a ratificação do tratado por via parlamentar seja legal. Além disso, dizer que na altura falava do tratado constitucional e que agora o documento era totalmente diferente e que por isso as circunstâncias legitimavam uma outra perspectiva sobre o mesmo, não passará duma tentativa forçada de tentar convencer os portugueses de coisas que de antagónico, têm pouco ou nada.

Cumprimentos, Simão Martins

quarta-feira, janeiro 09, 2008

O Dakar de 2008


Cumprimentos, Simão Martins

terça-feira, janeiro 08, 2008

Fumar Prejudica a Saúde... Mental!

É com todo o prazer que me vejo a escrever o primeiro post neste blogue rejuvenescido, anterior "Enquanto houver estrada para andar...", tornado agora num espaço público de reflexão e crítica pessoal, social, pública, privada, séria, cómica, mordaz, sarcástica, ou ainda de divulgação cultural ou simplesmente um pretexto para escrever asneiradas. Prometemos ter o "radarscópio" apurado, para apanhar quaisquer frequências que sejam dignas de registo, e dignas de serem faladas e discutidas e, porque não?, ridicularizadas ou idolatradas.



Começo por vos falar do assunto que mais tinta e caracteres tem feito escorrer em tudo o que é jornal, revista, blogue ou site neste nosso país, neste início do redondo ano de 2008: a lei do tabaco, claro. Tenho ficado, honestamente, estupefacto com a posição de certos (conceituados) cronistas/pensadores (e outro variados anónimos) deste nosso Portugal, ao manifestarem-se ultrajados com as imposições da dita lei. Fico a pensar que o tabaco prejudica mais a saúde mental do que a fisiológica.
Não está em discussão a responsabilidade do acto de fumar, se devemos ou não, porque o fazemos, etc. Não é nada disso que está em causa. Por várias razões, já seriam de esperar inúmeras insurreições a esta legislação, claro. Um vício é um vício, e temos direito a tê-lo, e ninguém gosta de ver os seus hábitos pessoais impostos por um punhado de parágrafos autoritários, a regrar-nos o dia-a-dia, a dizerem-nos o que vestir, comer, dizer, fazer ou acontecer. Desta perspectiva compreendo o sentimento de rancor que os fumadores do país podem guardar. Mas o rancor é um sentimento de capricho. Não estaremos nós a falar de uma coisa completamente diferente? Direito à liberdade de expressão e de actos, claro. Mas não acaba a nossa liberdade quando começa a dos outros? O acto de fumar tem a característica especial de ser o vício mais facilmente tolerado e aceite duma sociedade, paradoxalmente aquele que é mais condenado, mas ao mesmo tempo, o mais comummente praticado.


Acho que o debate instaurado tem revelado da parte do lado que está contra a lei, um rol de argumentos perfeitamente estapafúrdios, disparatados, e arriscaria dizer, perfeitamente infantis. Ouvia eu no outro dia na RTP2, um jornalista afirmar que está no seu direito de fumar, como está no seu direito de comer sal a mais, gorduras a mais, não fazer desporto, etc. O corpo é dele, ele é que sabe. Não vos parece este um argumento saído da boca de um míudo de 9 anos? É que só faltou desatar a berrar "não mandas em mim, faço o que eu quiser, tenho protecção!", seguido de um sonoro "nananannaana", com a língua de fora, o dedo no nariz, enquanto a outra mão ajeita os calções descaídos e empoeirados. Não acham ridículo? É porque no curso onde estou ainda não me ensinaram que o sal que ingerimos passa por osmose para a pessoa ao meu lado, entupindo-lhes as artérias de uma forma passiva. Talvez ainda estejamos muito atrasados nessas investigações, quem sabe um dia... Mas o fumo do cigarro fá-lo, e isso está comprovado. Ignorar os estudos de correlação entre fumo do tabaco e casos de cancro no pulmão, laringe, etc, não só é perigosamente irresponsável e negligente, como perfeitamente estúpido. Quase tão mau como ignorar que o aumento do CO2 atmosférico causador do progressivo aquecimento global, deriva da furiosa actividade industrial do mundo moderno, da queima dos combustíveis fósseis, etc. Por falar nisso, outro dos argumentos é a comparação com os automóveis e os seus escapes, precisamente. "Porque não impedem a circulação automóvel?", perguntam eles, argumentando que também ela é fonte de poluição e doença, e atinge toda a sociedade. Quanto a vocês não sei, mas eu cá nunca vi uma estrada nacional dentro de um café, ou de um recinto fechado. Nunca vi carros em circulação na cantina da faculdade, mas isso sou só eu. Ninguém impede o fumador de fumar, ele é livre de o fazer, em locais abertos. Quando falamos de um hábito pessoal que prejudica ditatorialmente os outros à volta, não o podemos comparar com uma situação completamente diferente, defendendo o seu ponto de vista afirmando que falamos de um "direito". Custa-me a crer que estas pessoas defendam o acto de fumar como um direito, com argumentos tão fracos e patéticos como os exemplos que vos referi aqui. Parece-me óbvio que argumentos é coisa que eles não têm.


Defender a imposição aos outros de uma escolha pessoal - que nos prejudica a saúde - afectando a saúde deles, e, portanto, a sua liberdade, não é um direito, caros amigos... É pura estupidez. É egoísmo. É infantil. É mesquinho. É falta de civismo e responsabilidade. De tal modo que a maioria dos fumadores que conheço, reconhece que a lei apenas peca por ser tardia. E eu também.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Ano novo, blogue novo


Pois bem, se ainda ontem me lamentava que 2008 iria ser apenas mais um ano a contar para o calendário que começa no ano do nascimento de Jesus Cristo, hoje há sem dúvida umas novidadezinhas a anunciar.
Como já devem ter reparado, do lado direito do ecrã surge uma montagem de fraca qualidade realizada no photoshop cs2, na qual estão inseridos dois sujeitos: à esquerda, Simão Martins e à direita João Francisco. Por cima surge um título, "A Parelha".
O primeiro já todos conhecem, pois é o autor pioneiro do anterior blogue (Simão Martins, eu), Enquanto houver estrada para andar, que deixa agora a sua forma inicial, devido à entrada do autor do blog Thoughts of a Living Atheist (João Francisco), blogue que deixou de existir devido à sua inactividade por um longo período de tempo.

A ideia de criar um espaço rejuvenescido (aparentemente) parecia-nos inevitável, visto sermos dois fulanos com vontade de discussão e apresentação de novas ideias e projectos. Conversa da treta? Esperemos que não.
Como puderam observar, para além da estética também o título mudou, apresentando-nos agora como radarscópio, um nome que é a tradução literal do inglês Radarscope, tendo sido este último o nome dado a um projecto musical encabeçado pelos autores do blogue que nos propomos a iniciar.

Em jeito de conclusão, resta-me dizer que espero que este novo blogue se torne ainda mais dinâmico do que o primeiro, pelo que a contribuição do João será sem dúvida vital e interessantíssima.

Cumprimentos e boas-vindas ao meu grande amigo João Francisco, Simão Martins.

domingo, janeiro 06, 2008

2008


Recordo-me que o que escrevi acerca do ano novo o ano passado se relacionava sobretudo com as tais questões do "este ano é que vai ser" ou "agora é que a faculdade me vai correr bem".
Pois este ano o cenário não muda muito de figura.
Mantém-se a suprema afirmação de que o "país está em crise", foi aprovada a nova lei do tabaco, com todas as suas consequências e controvérsias e mantemo-nos, como genuínos portugueses que somos, e aqui falo e não falo por mim, ajoelhados numa jeitosa vénia sob os três "efes" que já Salazar enunciava, "Fátima, futebol e fado". E falo por mim porque gosto muito de fado.
Mas que raio, penso eu, será que isto não muda? 2008 terá que se endireitar nalguma coisa, já que esta conjuntura começa a tornar-se enfadonha, mal educada!
Não, concluo eu. Vamos continuar a sentir que a crise continua aí, tal como uma criança que tem medo do monstro que jaz debaixo da sua cama. A lei do tabaco está para ficar, embora o homem forte da ASAE já tenha dado que falar. E, por fim, os três "efes" são, de facto, aquilo que nunca há-de mudar.
Por mim mantenho-me debaixo do tecto do Zé Povinho, já que parece estar para vir a alcunha de "licenciado desempregado e desesperado", um dos grandes flagelos da nossa sociedade.

Mas espero que isto melhore, ainda assim.

Cumprimentos e um 2008 melhor que 2007, Simão Martins

sábado, dezembro 29, 2007

Dove

Nem a propósito do post anterior, convém irmos alertando os mais novos, principalmente as mais novas, para que se coíbam de adquirir a estupidez bem latente na anteriormente referida Soraia Chaves.

Fabulosa publicidade esta da Dove!



Cumprimentos, Simão Martins

"É mais difícil expor as emoções do que o corpo".

Soraia Chaves, Jornal de Notícias, 23-12-2007

A já conhecida "actriz" Soraia Chaves lembrou-se de vir à praça pública deixar mais uma daquelas afirmações que eu considero, ao contrário do que possam pensar, compreensíveis. A menina do Crime do Padre Amaro é tudo menos uma senhora respeitável, aquele paradigma que ainda vamos elegendo nas mulheres como seres totalmente antagónicos ao homem, mais para o bem do que para o mal, e por isso se justifica perfeitamente esta afirmação. Além disso, parece que é realmente neste sentido que vai avançar o cinema português: corrupção, sexo, tiros e acção. Mas é o que o povo gosta e compra, vá-se lá saber porquê!

Pergunto-me se esta Soraia Chaves não se integrará melhor no meio pornográfico, se é que isso não acontece já.

Cumprimentos, Simão Martins.

domingo, dezembro 23, 2007

O Natal


Eu adoro o Natal. Não o posso negar porque de facto é uma época que me faz sentir bem. Gosto de ir à Baixa e ver as crianças a delirar com as prendas e com o Pai Natal e as renas e tudo o resto, e aquele friozinho que nos faz andar com mil roupas em cima deixa-me bem disposto.
Também gosto de receber prendas. E de dar. E também gosto de deixar passar os outros na estrada quando não têm prioridade e de deixar os peões atravessar num sinal mesmo que esteja vermelho. Gosto de acordar e vestir o meu roupão e beber um chá quentinho com umas torradinhas. Gosto de fazer o presépio e enfeitar a árvore de Natal com aquelas coisas que fiz quando tinha 5 ou 6 anos.
Gosto de ouvir música e ler um livro, gosto dos filmes sobre o Natal e do Natal dos Hospitais. Gosto de escrever estes textos em jeito de composição de Língua Portuguesa do quarto ano.

Por fim, devo dizer: VIVA A NATALIDADE! Perdão, queria dizer: VIVA O NATAL!



Cumprimentos e um feliz natal a todos, Simão Martins.

sábado, dezembro 22, 2007

You can't stand my now...


Pete Doherty é talvez um dos grandes fenómenos da música hoje em dia. Para o mal e para o bem. Não foi por acaso que decidi inverter a ordem da habitual expressão "para o bem e para o mal". É que para além de músico, Doherty consegue já pertencer a um estatuto que, vendo realmente as coisas como elas são, nos permite apelidá-lo de criminoso. Não sei se isso será causado pelos amores e desamores em torno de Kate Moss ou até mesmo por um distúrbio mental algo complexo; por outro lado, para além de ser detido semana-sim-semana-não, Pete Doherty até já cometeu a proeza de ter ido a uma clínica veterinária com o seu gato, alegando que este estava doente e o veterinário apenas lhe disse que o que o pobre do animal tinha era droga no sangue.
Mas, e como este post não existia se não houvesse qualquer margem para "mas", este homem é também um dos maiores génios vivos. Não é por acaso que teve como produtor Mick Jones, antigo guitarrista dos The Clash. Começou por formar uma das bandas mais promissoras do século XXI, The Libertines, fazendo uma fabulosa parelha com Carl Barat, actual líder dos Dirty Pretty Things. As coisas não correram bem, o projecto não andou para a frente e tínhamos, algum tempo depois, Pete Doherty a liderar os Babyshambles. Vi-os em Paredes de Coura este ano, desfalcados, vá-se lá imaginar por que razão, mas Doherty estava lá, cantou Can't Stand Me Now, Fuck Forever e The Blinding (a primeira, o grande single dos Libertines, enquanto que as restantes são da autoria dos Babyshambles).
Já por uma vez tinha referido aqui no blog esta estranha simpatia que tenho para com estes seres tão pouco politicamente correctos, o que equivaleria a dizer que Doherty é, sem dúvida, o vilão da história. Mas mantém-se este chato "mas" (Hergé escreveu: "nem mas nem meio mas"), pois eu gosto deste vilão. O mau da fita é um soberbo escritor de canções, excelente músico, nem por isso um grande cantor e é também por ter decidido na sua vida cantar algumas canções que não me são indiferentes que faz com que ele não passe despercebido no meu ouvido.
Tento esquecer o delinquente por trás do artista e de facto vejo o que ele é e será sempre, quer esteja vivo ou morto, preso ou em liberdade condicional, feliz ou deprimido: um génio.
Por todas estas razões e outras menos importantes que me passaram ao lado, Eight Days A Week interpretada pelos Libertines.



Cumprimentos, Simão Martins

quarta-feira, dezembro 19, 2007

O nosso Portugal

Entro num café, pelas nove da manhã, bem ensonado. Aproveito e sento-me, antes de ter que entrar para o trabalho. Bebo o café e como a torrada ou que quer que seja e que me sirva de pequeno-almoço, e tenho como espectacular banda sonora de fundo o seguinte:

"Olha-me para estes javardos! Tanta coisa, tanta coisa, e lá se escaparam para a terra deles!"
"Ai pá, mas eu não já nem durmo descansada com esta coisa toda. Olha, no meio disto tudo, a única de quem tenho pena é da menina!"
"Pois, mas eu cá também não acredito que tenha sido a mãe...Ela fartava-se de chorar nas entrevistas e andava sempre com o ursinho da menina...Naaa, eu cá não acredito que uma mãe possa fazer coisas dessas."
"Não digas isso mulher! Vê-se logo que foi aquela escanzelada que arranjou alguma prá menina e que depois se tentou escapar, mas mal, e olha que nem as idas à missa a safam."


"Tu diz-me o que tu quiseres, mas eu cá só vou estar bem quando o Paulo Bento meter outro tipo em vez daquele Purovic ou Puro não sei quê."
"Olha que o gajo tem uns pezinhos que é um mimo!"

"Oh pá, vê-se logo que não percebes nada de bola, o homem tem ali é umas canetas que até metem medo!"
"Ele que não vá buscar um jogador a sério que não é preciso. Até o comem vivo!"

"Ele precisa é de tipos que façam bem as transições defesa-ataque!"


"Esta coisa é só reuniões e estrangeiros cá em Portugal, o Sócrates tá a viver bem, que dizes?"
"Por acaso...Ai pá, mas viste-me ontem aquela parte da novela em que o outro bateu naquela?!"

"Ai que tragédia! Vi pois! Mas olha não podemos começar nesta converseta outra vez senão nunca mais saímos daqui."


Cumprimentos, Simão Martins

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Touradas


"Agora via o homem claramente, e ouvia a voz fina e limpa enquanto voltava a cabeça e, olhando as pessoas que estavam na trincheira e depois para todos os que estavam acima da barreira vermelha dizia: «-Vejamos se o posso matar assim!» Ouvia-lhe a voz e via o matador avançar dobrando o joelho. Seguia a penetração da arma por cima dos cornos que se abaixavam agora como por magia à medida que o focinho do touro seguia a capa que rastejava no chão, o pequeno pulso moreno muito firme dominando o abaixamento dos cornos e dominando-os, enquanto a espada penetrava na massa sombria do garrote. Via a penetração da lâmina brilhante, lenta e regular, como se o ímpeto do touro tivesse por fim enterrar a espada cada vez mais fundo, arrancando-a à mão do homem; viu-a desaparecer até ao momento em que o homenzinho moreno, cujos olhos não se tinham afastado do ponto onde a lâmina desaparecera, afastava agora os cornos do seu ventre liso e se afastava do animal para se endireitar, tendo na mão direita a capa e levantando a mão direita para ver morrer o touro. Via-o de pé, os olhos fitos no animal que tentava aguentar-se sobre as patas, o touro que oscilava como uma árvore antes da queda, o touro que lutava para se aguentar nas patas, a mão do homenzinho levantada no clássico gesto do triunfo. Via-o de pé, banhado em suor, no imenso alívio de tudo estar acabado, o alívio de ver morrer o touro, alívio de não ter sido ferido nem morto quando se tinha afastado; depois, enquanto ele continuava de pé, o touro abatia-se por fim, rolando, morto, as quatro paras no ar, e via o homenzinho moreno dirigir-se, fatigado e sem sorrir, para a trincheira"

Por quem os sinos dobram, Ernest Hemingway


Cumprimentos, Simão Martins

sábado, dezembro 08, 2007

Os três mais

Está a chegar o fim do ano, e com ele as festividades natalícias, a neblina matinal e os cachecóis. Todos eles elementos que institucionalizam o Inverno, que é para mim a época mais bonita de todo o ano.
Com tudo isto e muito mais, chegam também as ilações de mais uma jornada musical. 2007 não fugiu à regra e é por isso um ano rico em boa música. Álbuns novos de bandas novas? São poucos os argumentos que me fazem eleger algum. Confesso também que não fui o mais atento dos ouvintes.
Assim sendo, os três melhores álbuns deste ano foram:

1- Favourite Worst Nightmare, Arctic Monkeys



2- Sound of Silver, LCD Soundsystem



3- Myths Of The Near Future, Klaxons



No entanto, esta lista parece-me talvez demasiado injusta, portanto deixo aqui também aquelas que foram as canções ou músicas (como queiram) que me encantaram este ano:

1- Nantes, Beirut


2- Intervention, Arcade Fire


3- Wonderlust King, Gogol Bordello


4- Heart of Hearts, Chk Chk Chk (!!!)


5-Hunting For Witches, Bloc Party


6-All My Friends, LCD Soundsystem (Franz Ferdinand Cover)


7- Nude, Radiohead


8- The Bunting Song, The Good The Bad And The Queen


9- Strawberry Jam, Animal Collective


A última música leva uma dedicatória especial, com direito a letra e tudo. É bem velhinha, tem 40 anos e foi criada pelos Velvet Underground. Gosto de a ouvir quer seja domingo, ou qualquer outro dia da semana. Faz-me sentir bem, confortável, quer esteja num sofá de mil almofadas ou num simples banco de madeira. É daquelas coisas bonitas da vida que nos faz suspirar. Um dia o meu pai mostrou-ma, mas eu era tão novo que não percebia como a simplicidade é a melhor forma de demonstrar as coisas tal como elas são, e neste caso os Velvet Underground com Nico na voz souberam fazê-lo. Se eu tivesse tantos anos como esta música, acho que ainda era do tempo em que só se abriam as prendas de manhã, no dia 25 de Dezembro. Se eu fosse da idade desta música, eu gostava de a ter ouvido na manhã de Natal em que estivesse a abrir o meu presente preferido.
Esta música é para o meu pai.

Sunday Morning

Sunday morning, praise the dawning

It's just a restless feeling by my side
Early dawning, Sunday morning
It's just the wasted years so close behind
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call It's nothing at all
Sunday morning and I'm falling
I've got a feeling I don't want to know
Early dawning, Sunday morning
It's all the streets you crossed, not so long ago
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call It's nothing at all
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call It's nothing at all
Sunday morning
Sunday morning
Sunday morning



Cumprimentos, Simão Martins

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Antony

Ele ou ela. Tanto faz.



É talvez esta a melhor introdução a Antony Hegarty, um dos grandes intérpretes dos tempos que correm. Ganhou o Mercury Prize em 2005 (o mesmo ganho pelos Franz Ferdinand um ano antes e Arctic Monkeys um ano depois) com o seu segundo álbum "I'm a Bird Now", no qual conta com as colaborações de Boy George, Rufus Wainwright e Lou Reed, entre outros.
Aproveito para enfatizar a qualidade deste álbum, perceptível à partida através de canções como "Hope There's Someone", "My Lady Story" e "You Are My Sister". A voz de Antony é sem dúvida sublime, com todo o seu vibrato acentuado, mas com um timbre agradável e cujas melodias e letras são dignas dos mais fervorosos aplausos.
Hoje sugeria uma música do seu primeiro trabalho "Antony and the Johnsons", "Cripple and the Starfish".
Espero que gostem.

Mr. Muscle forcing bursting
Stingy thingy into little me, me, me
But just "ripple" said the cripple
As my jaw dropped to the ground
Smile smile

It's true I always wanted love to be
Hurtful
And it's true I always wanted love to be
Filled with pain
And bruises

Yes, so Cripple-Pig was happy
Screamed " I just compeletely love you!
And there's no rhyme or reason
I'm changing like the seasons
Watch! I'll even cut off my finger
It will grow back like a Starfish!
It will grow back like a Starfish!
It will grow back like a Starfish!"

Mr. Muscle, gazing boredly
And he checking time did punch me
And I sighed and bleeded like a windfall
Happy bleedy, happy bruisy

I am very happy
So please hit me
I am very very happy
So please hurt me

I am very happy
So please hit me
I am very very happy
So come on hurt me

I'll grow back like a Starfish
I'll grow back like a Starfish
I'll grow back like a Starfish
I'll grow back like a Starfish


Cumprimentos, Simão Martins

terça-feira, dezembro 04, 2007

UPS!


Bom, penso que foi desta que a administração Bush e o próprio mostraram ao mundo a credibilidade que de facto nunca tiveram. Depois do arrependimento da guerra (mas só depois de terem destruído meio Iraque), vem a gota num copo de água que já vinha ficando bem cheio, de há uns anos para cá:

Os serviços secretos norte-americanos concluíram que, afinal de contas, o Irão não passa dum país com potencial para fabricar armas nucleares, algo que não fazia desde 2003.
Atenção, todos temos noção que o fulano, Mahmoud Ahmadinejad, não é um inofensivo de primeira, mas isto leva-nos a pensar que as tendências pró Bush são inequivocamente máscaras de uma cada vez maior e mais descarada procura de petróleo.
Aquele que era um dos "bicos" do triângulo do mal, passou a ser mais um país com potencial para produzir armas nucleares.

Mas os EUA também o são.
Que engraçado!
E que coisas boas têm feito pelo mundo.
Decerto serão inofensivos.
Vamos lá provocá-los a ver se não levamos com elas logo de seguida?
Claro que a maioria dos americanos, aqueles obcecados pelo Dr. Phill ou pelas frequentes intervenções do execrável Bill O'Riley, os que cujos olhos brilham cada vez que a Oprah diz "The United States of America, undoubtly the greatest country in the World!" não conseguem dizer que não.
Para eles e para os respectivos umbigos, serão sempre "The Greatest Nation in The World".
É pena que o Bush já esteja demasiado enterrado. Demasiado para fazer mais porcaria do que já fez. Esperemos que assim seja!

Cumprimentos, Simão Martins

quarta-feira, novembro 28, 2007

Muse live Shepherds Bush

Aqui ficam os vídeos de todas as músicas tocadas pelos Muse dia 26 de Junho de 2006 em Shepherds Bush, na Inglaterra (que fabulosa actuação!)


1. Take a Bow


2. Bliss


3. Map Of The Problematique


4. Butterflies and Hurricanes


5. Starlight


6. Plug in Baby


7. Citizen Erased


8. Soldier's Poem


9. Feeling Good


10. Stockholm Syndrome


11. Invincible


12. Supermassive Black Hole


13. Hysteria


14. Assassin


15. New Born


16. Time is Running Out


17. Knights of Cydonia


Enjoy, Simão Martins

terça-feira, novembro 27, 2007

Du'a


O post de hoje é dedicado a Du’a Khalil Aswad, uma menina iraquiana de 17 anos que foi assassinada por volta de maio deste ano.
A história é simples, mas nem por isso quero que ela seja esquecida. Por ninguém!

Du’a Khalil Aswad vivia em Mosul, no Iraque. Um dia, a menina apaixonou-se por um rapaz e começaram a namorar, o que geralmente acontece com os jovens dessa idade. Só que ela era curda, e ele sunita.
Então um dia, enquanto voltava da escola, Du'a foi surpreendida por cerca de mil homens que decidiram punir esta sua relação amorosa da forma mais inqualificável e desumana: apedrejamento.
Du'a foi apedrejada, pontapeada, chegou a ficar totalmente nua no chão e mesmo assim ainda vivia, até que um último arremesso pôs termo ao sofrimento legalmente imposto por todos aqueles homens.
Talvez o que mais me enoja seja o facto de tal acontecimento nunca ter sido muito publicitado (aliás, este post é uma segunda versão de um já existente no Random Precision, blog através do qual tomei conhecimento do acontecimento em questão), sendo que os homens que fotografaram com os seus telemóveis toda esta cena digna do mais irracional dos animais da natureza, ainda hoje se regozijam por terem tirado a vida a Du'a, por esta estar apaixonada por um rapaz que simplesmente tinha uma religião diferente.

É de facto uma história muito simples.

Mas custou-me muito a contá-la.

Cumprimentos para ti, Du'a, Simão Martins

quarta-feira, novembro 21, 2007

A Soldier's Poem

Penso que é o primeiro post em que me refiro especificamente ao tema da pobreza, da miséria, daquilo que não toca a qualquer pessoa que leia este texto. Tal como existe um elevado índice de pobreza em certas regiões do globo, também é grande a quantidade de coisas que se podem dizer acerca da mesma, o que me deixa triste. Há pessoas que me dizem: "falas da pobreza no mundo, mas não fazes nada para que ela diminua, ficas-te pelas palavras".

Penso nela!

Talvez não seja o suficiente, e até pode nem sequer melhorar em nada a vida dos milhões que morrem de sida e outras doenças que vão minando a raça humana nalgumas zonas do planeta Terra, especialmente em África. Mas ao menos contesto, já que alguns dos líderes mundiais se limitam à sua inércia em relação a este tema tantas vezes falado e nunca resolvido. Mas haverá sempre pessoas cada vez mais pobres e pessoas cada vez mais ricas. Esta assimetria tão injusta é talvez o que caracteriza melhor a cisão entre o chamado mundo ocidental, e o resto...
O vídeo fabuloso que vos deixo aqui fala sobre a merda da injustiça que há no nosso mundo. Sobre os soldados que fazem a guerra, os armados, os desarmados, os que conseguem sorrir, os que não conseguem, os que conseguem andar, os que não conseguem, os que têm família e amigos, e os que não têm...
Eu não acho que faça alguma coisa para diminuir a pobreza no mundo, mas ao menos quero homenagear todos os que ainda vivem, e todos os que já não.





Cumprimentos, Simão Martins

terça-feira, novembro 20, 2007

"-Que estás a fazer? - perguntou Jordan sentando-se a seu lado. O cigano mostrou. Era uma peça de armadilha.
-Para as raposas - explicou. -Das que desandam e quebram a espinha - disse rindo a Jordan. -É assim - e reproduziu o movimento da armadilha que desaba e apanha a caça incauta; a sua mão fez de raposa e depois de simulado o golpe abanou-a no ar como se tivesse a espinha partida. -É coisa muito prática - explicou.
-Ele caça mas é coelhos - disse Anselmo. -É cigano e por isso diz que apanha raposas, quando o que apanha são coelhos. E se apanhar uma raposa dirá que foi um elefante.
-E se eu apanhar um elefante? - indagou o cigano com os alvíssimos dentes à mostra e piscando os olhos para Robert Jordan.
-Então dirás que é um tanque - volveu Anselmo.
-Pois hei-de apanhar um tanque, e então quero ver o que lhe chamas.
-Estes ciganos falam muito e não matam nada, - retrucou Anselmo."

Por quem os sinos dobram, Ernest Hemingway

Eu gosto muito destas coisas.

Cumprimentos, Simão Martins

domingo, novembro 18, 2007

G. and The Storytellers


Foi há pouco mais de uma semana. Na noite de dia 9 de Novembro de 2007, entravam no palco do teatro A Bruxa três tipos aparentemente normais e desprevenidos, dispostos a fazer música e, sei lá, contar umas histórias ou estórias, como queiram. Tentaram fazê-lo e nem por isso foram mal sucedidos. Dos poucos espectadores que se encontravam na acolhedora sala ouvimos risos, palmas, alguns ruídos que abonavam em nosso favor e que nos davam a sensação de, "malta, isto está a resultar". Podia-se dizer que ali se fazia música, e ponho já de parte qualquer falsa modéstia de que me possam acusar. Misturaram-se estilos, o cenário condizia, e tudo se reuniu em tal consonância que simplesmente deu prazer, muito prazer de estar ali a tocar. Deixo-vos uma sugestão deste projecto acústico-alternativo que promete ainda dar alguns frutos.

(G. and The Storytellers no teatro A Bruxa, Évora)



Cumprimentos, Simão Martins

quinta-feira, novembro 15, 2007

segunda-feira, novembro 12, 2007

O que faz um homem de garfos numa terra de sopas?


Sou invejoso. Geralmente as pessoas dizem que se é invejoso quando não se quer emprestar algo a alguém, mas isso é egoísmo. Não. Eu sou invejoso agora (não no dia-a-dia), tudo porque tenho raiva de não ser o autor do título do meu post. Claro que estou a enfatizar todas estas sensações mas apenas porque é isso mesmo que sinto, gostava de ter sido eu a pensar e a escrever o que faz o um homem de garfos numa terra de sopas...

Já agora, e antes de passarmos ao que interessa, o título é da autoria de Jordi Sierra i Fabra, no seu livro Um Homem com um Garfo numa Terra de Sopas. Adiante:

Haverá neste planeta em que vivemos alguma frase mais fabulosa que esta? Não tenho ouvido nem lido muitas, nem nenhuma que se enquadre tão bem nos tempos vigentes, o que, se por um lado me preocupa, por outro reconforta-me por saber que ainda há quem exista e pense, de facto. Portanto, resta-nos perguntar: o que faz de facto um homem com um garfo numa terra de sopas? Aliás, antes de mais, será que os há? Ou será que há quem o não seja? Bom, de tudo um pouco, e é por isso que esta metáfora é tão fabulosa.
Um homem com um garfo numa terra de sopas, e aqui o Jordi Sierra i Fabra que me perdoe, mas tenho que o parafrasear, come com as mãos, ou então não come, e de facto é assim que nos safamos nos dias de hoje. Como exemplo: será que era António Variações um homem de garfos numa terra de sopas? Será que preferiu não comer a comer com as mãos? Penso que esta frase se adequa sobretudo aos génios, pois serão sempre eles os "garfeiros" em terras de sopas, e por poucas colheres que haja, ou por pouca que seja a sopa, eles não deixarão de existir.

Kurt Cobain, Fernando Pessoa, Vincent Van Gogh, Frida Kahlo:

todos eles famintos, nem todos com colheres...

Cumprimentos, Simão Martins

sexta-feira, outubro 26, 2007


"O mundo estará fodido de vez", disse então, "no dia em que os homens viajarem em primeira classe e a literatura no vagão de carga."

É, para mim, a frase mais marcante de Cem Anos de Solidão, o livro de Gabriel García Márquez que acabei de ler ontem à noite, por volta das dez horas. Tinha, como é óbvio, que dedicar umas linhas aqui do blogue a mais um livro que não me passou despercebido pelos olhos.
Para começar, gostei. Uma forma de escrever bastante marcante, não só pelos frequentes "haveria de recordar anos depois" ou "anos depois faria isto e aquilo", como também pela enorme perspicácia com que apanha os pormenores do dia-a-dia, aquelas coisas que geralmente não nos damos conta, em que até formigas têm papel de relevo.
Posteriormente, a história em si. Fazendo jus ao nome, a história retrata cem anos de uma família (supostamente colombiana), passando-se toda a acção numa terra fictícia chamada Macondo, indo de geração em geração e em que cada personagem tem o seu quê de influência no clímax atingido precisamente na última página do livro; para quem não leu, será talvez necessário o auxílio de uma árvore genealógica da família Buendía/Iguarán (para quem já leu, perceberá certamente a minha aflição no final do livro).
Sendo o primeiro livro que leio deste autor, não consigo afirmar objectivamente que a maneira como escreve em Cem Anos de Solidão, será necessariamente a mesma de outros livros, como por exemplo em Crónica de Uma Morte Anunciada, o próximo a ler de García Márquez.
Fiquei contente, ao acabar o livro, a sério que fiquei.
Dá gosto de ter algo que nos acompanha quando nada mais há no Mundo para além dos Morangos com Açúcar, ou o futebol que nunca acaba, ou até numa viagem de camioneta que se prevê sempre longa e interminável, ou simplesmente uma mera expedição a um centro comercial.

É que em relação ao título deste post, o sábio catalão tinha muita razão, não tinha?

Cumprimentos, Simão Martins

quarta-feira, outubro 17, 2007

O Politicamente Incorrecto


Há pessoas que não têm nem terão nunca papas na língua. Uma dessas pessoas é James Watson, um dos pais do ADN, que se lembrou de vir dizer que acha que os pretos são menos inteligentes que os brancos. Ora, para quem tem a mínima noção de razoabilidade e coerência, esta é uma afirmação completamente ridícula.
E digo isto, porque é algo que me preocupa, pois sei que este senhor, com todo o seu prestígio e influência na comunidade científica, terá certamente daqueles discípulos que à mínima palavra acenam todos afirmativamente com a cabeça, mesmo que o que James Watson esteja a dizer seja a maior estupidez à face deste planeta.
Muitos de vós poderão achar que será apenas a idade do premiado em 1962 com o Nobel da Medicina a falar por si, mas enganam-se. Há precisamente dez anos, Watson fez outra declaração polémica e que dá que falar:
"Se um dia se descobrisse que a homossexualidade está gravada nos genes, então as mães de bebés com esses genes deveriam ter o direito de abortar".

Só espero que estas afirmações nada politicamente correctas reduzam a credibilidade de James Watson a cinzas.
É porque se trata de um mau exemplo.

E nada mais.

Cumprimentos, Simão Martins

terça-feira, outubro 16, 2007

Deus na terra (ou melhor, na Internet)!


Em 2003, os Radiohead lançavam o seu mais recente álbum (ainda com editora), Hail To The Thief, uma experiência bem sucedida resultante da mistura dos seus sons mais primitivos com o seu grande apreço pela electrónica e já agora, pela esquizofrenia.
Quatro anos depois, "já e ainda" sem editora, decidem (re)fazer-se à vida: fazem umas musiquinhas, aproveitam umas que até já existiam desde 1995 (Ok Computer) e pronto, eis que surge In Rainbows, mais uma criação genial deste quinteto britânico.
Foi já em meados de Setembro deste ano, através de mensagens encriptadas no seu website, que os Radiohead fizeram passar a ideia de que algo estaria para acontecer, talvez em Março; não sei se por incompetência dos descodificadores, ou por mera vontade de enganar toda a gente por parte da banda, a verdade é que dia 10 de Outubro estaria disponível o download de In Rainbows, pela módica quantia de...quanto os fãs quisessem oferecer, estando incluída a opção zero € (uma vez mais a velha máxima: só para quem pode!).
Desta forma, resta-me deixar uma breve introdução que mais não é que a primeira música do álbum, 15 steps, um aperitivo fabuloso para uma refeição que se revelaria ainda melhor.



Se Deus não existe na terra nem no céu, estará com certeza muito perto da última obra-prima dos Radiohead.

Cumprimentos, Simão Martins

domingo, outubro 14, 2007


“Para quem não sabe: O filme intitulado 'Corpus Christis' (O Corpo de Cristo), que vai sair em breve na América do Norte , mostra Jesus mantendo relações homossexuais com os seus discípulos. A versão teatral já se apresentou. É uma paródia repugnante de Jesus. Uma acção concentrada da nossa parte poderia provavelmente mudar as coisas. Você aceita juntar o seu nome no fim da lista? Em caso afirmativo, poderíamos evitar a projecção deste filme que não traz nada de positivo. PRECISAMOS DE MUITOS NOMES em adesão a esta proposta 'Quem me confessar diante dos Homens, Eu o confessarei Diante de meu Pai, que está nos Céus.' (Mt 10.32) 'Mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus..'(Mt 10.33) POR FAVOR: Não faça 'ENCAMINHAR' Desta mensagem, mas sim: SELECCIONE TUDO, COPIE (Ctrl+C) e COLE (Ctrl+V) numa mensagem Nova. Depois, acrescente o seu nome no fim da lista e envie-o a todos Os seus amigos. São apenas 2 minutos para algo tão importante. Quando a lista chegar aos 500 nomes, envie-a a: homasg@softhome.net1.”

Este é, sem mais nem menos (ou melhor, sem todos os nomes que formam uma extensa lista), um e-mail que eu recebi um dia destes. E não será difícil ao caro leitor prever qual foi a minha reacção: um severo franzir do sobrolho, seguido de uma valente gargalhada, que deu finalmente origem à minha vontade de escrever um post sobre tão ridícula mensagem que tem circulado aí pela Internet.
Como é óbvio, ao ler um texto destes, só posso uma vez mais reflectir sobre como anda a percentagem de seres realmente pensantes, já nem digo inteligentes, no nosso planeta. Já foram feitos boicotes a livros, como o Código da Vinci, filmes, entre os quais a Paixão de Cristo, e agora O Corpo de Cristo. A diferença entre o primeiro e o segundo filmes está realmente no comportamento de Cristo: no primeiro, passa o filme todo sob o ataque dos chicotes e depois o resto do filme sob a cruz; no segundo, diverte-se com os seus discípulos, ao que o/a fabuloso/a autor/a deste texto teve a sensibilidade de apelidar de “paródias homossexuais”.
Para estes idiotazinhos (que insistem em recusar a evolução do pensamento), a salvação da fé passa pelo boicote da própria existência humana, enquanto representação artística, entre muitas outras formas existentes de comprovar a real história de Jesus Cristo (não estando eu aqui a dizer qual é a correcta ou a errada). É também a recusa da liberdade de expressão, da liberdade de pensamento e da coerência da questão em si. Se o católico X decidir que, para si, Jesus Cristo alinhava realmente em “paródias homossexuais” então é certo e sabido que estará o caldo entornado, esteja o católico X onde estiver.

A decadência da Igreja Católica está à vista de todos, e já todos os meios são poucos para sustentar a mais grandiosa das instituições já existentes em toda a história da humanidade, para o bem e para o mal.

A propósito deste tema, recomendo o livro Nostalgia do Absoluto, de George Steiner, constituído por cinco conferências relativas ao nascimento das novas mitologias, e de como algumas poderão ou não persistir ao longo do tempo. Interessante e pequeno.

Cumprimentos, Simão Martins

sábado, outubro 13, 2007

Tiros, sangue e muito, muito pus!


Para quem já viu Planet Terror, o título só lhes trará memórias: agradáveis ou não, isso já diz respeito a cada um. Para quem ainda não teve o (des)prazer de assistir ao último filme de Robert Rodriguez, penso que já tem uma ideia do que esta segunda parte deste projecto cinematográfico lhe reserva.
Grindhouse, o nome dado ao conjunto dos filmes Death Proof e Planet Terror, o primeiro realizado por Quentin Tarantino e este último pelo já acima referido Robert Rodriguez, é a mais recente homenagem aos chamados filmes de série Z, com todas as falhas de som e imagem possíveis e imaginárias que estes dois homens do cinema conseguiram concretizar na perfeição. Provavelmente vão acusá-los de total insanidade mental e sadismo sem limites, mas eu prefiro arriscar um elogio desmedido à creatividade e divertimento com que me parece que este projecto se desenvolveu e como resultou, no fundo. Em relação a Tarantino, verdade seja dita, nunca esperaria menos, sendo que não posso dizer o mesmo do homem que decidiu realizar Spy Kids, Robert Rodriguez (para quem não tem memória curta, trata-se de uma daquelas apostas cinematográficas dignas duma tarde de "cinema" num sábado à tarde, na TVI). A ideia "zombiesca" resulta tão bem ou melhor que a de Tarantino, em Death Proof, a surpresa do medonho e ao mesmo tempo do cruelmente engraçado, fazem de Planet Terror, e já agora de Grindhouse, uma aposta ganha.

Cumprimentos, Simão Martins

terça-feira, outubro 09, 2007

Os Três Magníficos

Portugal tem sido cada vez mais um destino a não fugir, designadamente no domínio musical. Desde concertos isolados a festivais de música dos mais diversos estilos, em todos eles estiveram presentes as mais consagradas bandas do momento.
Convém, no entanto, não esquecer que não sou receptivo a qualquer coisa, ou que é um qualquer trapo musical que me convence. Mas adiante: para o que interessa!

As três melhores bandas deste Verão estiveram duas delas em Paredes de Coura e outra no Super Bock Super Rock, e foram as seguintes, do fabuloso para o genial:



- Lcd Soundsystem, com o grande concerto do Super Bock Super Rock, a música energética e contagiante destes britânicos, chefiados pelo sempre agradável James Murphy, levou os que lá se encontravam à loucura, principalmente em músicas como Daft Punk Is Playing In My House e Tribulations, entre outras. Para quem não viu, vê para a próxima; para quem viu, não vai certamente recusar entre 20 a 30 euros para assistir a um colectivo humano especialmente dado à luz para trazer o ritmo ao mundo!




- Gogol Bordello, provenientes da cidade que nunca dorme, foram a grande surpresa do Verão. Chegaram à pacata vila (ou cidade, não me recordo) de Paredes de Coura num dia chuvoso, mas a única coisa que conseguiram foi levar à loucura o até aí apático anfiteatro do palco principal de um dos melhores festivais da Europa. Descrições aparte, aqui fica um single daqueles como já vão havendo poucos.





- Por fim, os já batidos nisto Sonic Youth. Contratados especialmente para fechar (e arrasar) o festival de Paredes de Coura e sem darem explicações a ninguém, deram simplesmente aquele que foi para mim o melhor concerto deste ano. "Parece fácil!", dizia frequentemente um amigo meu.
Se é ou não, eles só eles poderão dizer. Imperdíveis!



E é desta forma que ficam eleitas as três melhores bandas deste ano, todas elas oriundas de dois festivais de Verão, o que por si só serve de elogio aos organizadores dos respectivos festivais. De saudar também a iniciativa do Álvaro Covões que conseguiu integrar no cartaz do Alive! bandas como Smashing Pumpkins, The White Stripes, Pearl Jam e Beastie Boys, entre outros.

Cumprimentos, Simão Martins

segunda-feira, outubro 01, 2007

1 de Outubro de 2007

Dia Mundial da Música. Nem por isso o meu dia preferido do ano. Mas podia ser.

Continuo hoje a minha caminhada no domínio da redacção. Continuo a não querer falar sobre o que todos falam quando pouco há a dizer. Continuo a gostar de música, mas isso já todos sabiam. Há tempo para tudo, mas esse tudo é demasiado vago para por vezes se incluir no tempo que temos livre. O paradoxo presente nesta afirmação é bastante curioso, não pela falsidade utópica da questão mas pela indubitável e absoluta veracidade da mesma. É um facto de que já vai havendo cada vez menos tempo para o tudo. Mas adiante:
Não posso duvidar que há uma curiosa e simpática coincidência de ser neste dia que volto ao Enquanto houver estrada para andar, depois de tão excessivamente prolongadas férias (uma vez mais curioso, mas relativamente ao facto de ser eu, um mero jovem de 19 anos, a proferir estas criminosas palavras, do ponto de visto da minha classe etária, claro está). Deixo também o aviso que a colaboração prometida no último post decidiu formar um blog próprio que se encontra n'Os Meus Links, mais propriamente: Who's Playing At My House, um espaço que dá maior importância a...bom, quererão posteriormente descobrir por vocês mesmos.
Por cá, vou encerrar o post de hoje com uma sugestão musical, o que de maneira nenhuma poderia deixar de acontecer.
O outono já chegou, mas vou só puxar uma brisa de Verão (o que uma vez mais é contraditório, pois era um dia chuvoso em Glastonbury) para escutar Mishto! dos electrizantes Gogol Bordello, uma das sensações de Paredes de Coura 2007.



Já com saudades, cumprimentos, Simão Martins

domingo, julho 29, 2007

Holidays

Por descuido e também devido a uma imprevista displicência esqueci-me de deixar aqui o aviso, como um gerente de restaurante que fecha para férias, dizendo "volto dia tal", referindo que as férias (ainda em curso) me deixariam impossibilitado de escrever fosse o que fosse. Pois bem, cá estou então com quase um mês de atraso a afirmar que não escreverei mais até inícios de Setembro.
Ao menos liberto-me do compromisso, e assumo-o. É mais fácil assim; dá para dormir descansado e até escuso de passar por cá em busca de um ou outro comentário.

Aproveito para dizer ao organizador de Paredes de Coura que este ano o plantel é rigorosamente alternativo, sendo que estou à espera que Pete Doherty faça das suas (mas estou mesmo).

Outra novidade é uma recente contratação que fiz para este espaço e que considero de extrema importância. Pelo menos uma ou duas vezes por mês, um grande amigo meu, cujo nome virá junto aos seus textos, fará uma colaboração para o Enquanto houver estrada para andar, com críticas a cd's, músicas e filmes. Faço-o pois penso que só tenho a ganhar com esta dinamização do blogue e espero que isso seja útil para todos, no que toca ao interesse geral.
Para o resto das férias fica aqui uma sugestão intemporal, incontornável e, melhor que tudo, fresca!
Acompanhada por um conjunto de imagens das mais variadas bandas que até vão merecendo o meu apreço, Age of Consent, dos New Order.



Com tudo isto mais este calor insuportável que não me parece que desapareça tão depressa quanto isso, desejo muito boas férias a todos e até Setembro!

Cumprimentos, Simão Martins

domingo, julho 01, 2007

O Jornal do Cidadão!


Este semestre tive uma disciplina intitulada Sociologia do Jornalismo e da Opinião Pública. O objectivo era, exactamente, perceber quais as características dos jornalistas e do jornalismo e também o impacto da mediatização na sociedade de massas, nomeadamente na opinião pública. E uma das conclusões a que consegui chegar, é que há jornais de referência, e jornais ditos "populares".
Ora, se há coisa que não contribui para uma melhor informação é, obviamente, a distorção sistemática dos factos contidos nas notícias expostas ao público. É o que fazem jornais como o Correio da Manhã, o 24 Horas, o Tal e Qual, entre outros. O post de hoje serve então para clarificar umas quantas ideias.
Ao ler o Diário Digital de hoje, não pude deixar de reparar no sonante título: 24 Horas quer assumir-se como o «jornal do cidadão». Também não pude evitar soltar uma boa gargalhada. Não tanto com o título, que até me parece uma boa ideia que, finalmente, haja algum bom senso nesta coisa da comunicação social, que está a degradar-se a passos largos. Ri-me por uma simples razão.
O 24 Horas quer ser o jornal do cidadão, mas quando o seu director diz que "a mudança passa por um reforço nas áreas de crime e justiça, televisão e famosos e finanças pessoais", eu só posso concluir que nada vai mudar. Crime e justiça? Há-os em abundância. Televisão e famosos?
Enfim, de facto, é mesmo para rir. E não podia ser de outra forma, pois estes jornais, como já foi dito, nunca poderão alcançar o estatuto de jornais de referência, pelo simples facto de que é necessário servir-se o interesse público para se ser um jornal do cidadão. E esta questão não podia vir mais cheia de pertinência.
Há, obviamente, uma distinção entre interesse público e interesse do público. O primeiro diz respeito às notícias que têm relevância no domínio cultural, político, económico e social de um país; o segundo está ligado às exigências e expectativas do público em geral. Não será preciso darmos mais que dois exemplos para que isto seja bem visível: a TVI e o 24 Horas. Estes são dos maiores servidores do interesse do público, sendo que o primeiro acumula as maiores audiências, ao contrário do segundo que, pelos vistos, fará estas fabulosas "alterações" nos conteúdos temáticos do jornal para aumentar as vendas.
Enfim, houve um comentário de há uns posts que continha uma expressão que vou transcrever, visto que descreve da melhor maneira o que se passa com a comunicação social em Portugal.

Pelos vistos, em Portugal dá mais saída servir o interesse do público (que é mais interessante) do que o interesse público (que é mais importante). Há, portanto, uma "emerdização" dos media em Portugal e que tem tendência para aumentar, o que se comprova pela análise das audiências nos diferentes meios de comunicação.

Cumprimentos, Simão Martins