sexta-feira, janeiro 11, 2008

II. Portugal em 2008 - conjuntura demissionária

Qual segundo episódio de uma saga que se prevê um pouco alargada, aqui está a segunda reflexão acerca dos mais recentes acontecimentos, relativamente a figuras públicas e políticas cuja continuidade nos respectivos cargos está, aparentemente, com os dias contados. Primeiro, porque se justificava, em ambos os casos que enunciarei de seguida, que as pessoas em questão apresentassem a sua demissão; em segundo lugar, porque o julgamento da opinião pública é arrasador, e pior que isso, quando arrasa arrasa para sempre, ou se não for pela eternidade fora será com certeza por um longo período de tempo.

E para que o meu discurso não pareça desarticulado ou desleixado manterei uma coerência cronológica. Começarei, portanto, pelo já comentado e espremido triste episódio que teve como protagonista o Inspector-geral da ASAE, António Nunes.
Ora, em plena altura de ressaca emocional e duma primeira habituação à infeliz notícia (para muitos) de que deixaria de se poder fumar em locais públicos fechados, o senhor já referido foi apanhado em flagrante delito (como se costuma dizer), tendo sido fotografado com uma cigarrilha na boca, num casino em Lisboa. O caso já deu pano para mangas e foi prontamente justificado, não de forma muito credível, a meu ver, pelo que se fala de "conflito de interesses com a lei do jogo" e que, segundo o Inspector-geral, a nova lei "não proíbe expressamente o tabaco nos casinos e nas salas de jogos".
Ou muito me andam a enganar as aulas de direito que tenho tido, ou creio mesmo (e corrijam-me se assim não for) que as leis são de aplicação geral a todos os cidadãos. O que eu penso que António Nunes queria dizer é que a nova lei "não proíbe expressamente os inspectores-gerais de fumar em estabelecimentos onde essa atitude é proibida".

O segundo triste, deverei mesmo dizer tristíssimo episódio tem que ver, óbvia e previsivelmente, com a mais recente notícia de que o novo aeroporto de Lisboa vai, afinal de contas, ser plantado em Alcochete. E o elo mais fraco é: Mário Lino.
Pois bem, se as coisas já não andavam a correr de feição ao ministro das obras públicas, desde as declarações de "Alcochete, jamais", então agora está o caldo entornado. Sócrates diz que o ministro tem condições para continuar o "bom trabalho". A minha opinião é clara: Mário Lino deve demitir-se.
É que a política vive muito mal com contradições e coisas do género de desdizer aquilo que disse e afinal parece que as ideias andaram sempre um pouco confusas e que o que viria a dizer não tinha nada a ver com o que disse em primeira instância.

São, portanto, dois claros exemplos de pessoas que, na minha opinião, e estando eu no curso de jornalismo posso afirmá-lo com maior segurança, estão condenadas pela pressão da opinião pública e pelos partidos da oposição. Ainda assim, António Nunes leva alguma vantagem neste aspecto. Primeiro, por estar salvaguardado por investigações e por visíveis incoerências na aplicação da lei que se permitiu transgredir, e em segundo lugar por não ocupar um lugar na esfera política nacional. Por outro lado, a fragilidade da situação de Mário Lino é evidente e a sua continuidade no governo de Sócrates não deverá manter-se por muito mais tempo, sendo então uma atitude demonstrativa de uma certa dignidade a apresentação da demissão dos respectivos cargos por parte das duas figuras já referidas.

Cumprimentos, Simão Martins

1 comentário:

Unknown disse...

O menistro da justiça Italiana pediu a demisâo,a sua esposa mais 22 amigos faziam da corrupçâo,
O papa vai-lhes dar a benicçâo antes de partirem... Vanitas vanitatum,et omnia vatitas