domingo, julho 01, 2007

O Jornal do Cidadão!


Este semestre tive uma disciplina intitulada Sociologia do Jornalismo e da Opinião Pública. O objectivo era, exactamente, perceber quais as características dos jornalistas e do jornalismo e também o impacto da mediatização na sociedade de massas, nomeadamente na opinião pública. E uma das conclusões a que consegui chegar, é que há jornais de referência, e jornais ditos "populares".
Ora, se há coisa que não contribui para uma melhor informação é, obviamente, a distorção sistemática dos factos contidos nas notícias expostas ao público. É o que fazem jornais como o Correio da Manhã, o 24 Horas, o Tal e Qual, entre outros. O post de hoje serve então para clarificar umas quantas ideias.
Ao ler o Diário Digital de hoje, não pude deixar de reparar no sonante título: 24 Horas quer assumir-se como o «jornal do cidadão». Também não pude evitar soltar uma boa gargalhada. Não tanto com o título, que até me parece uma boa ideia que, finalmente, haja algum bom senso nesta coisa da comunicação social, que está a degradar-se a passos largos. Ri-me por uma simples razão.
O 24 Horas quer ser o jornal do cidadão, mas quando o seu director diz que "a mudança passa por um reforço nas áreas de crime e justiça, televisão e famosos e finanças pessoais", eu só posso concluir que nada vai mudar. Crime e justiça? Há-os em abundância. Televisão e famosos?
Enfim, de facto, é mesmo para rir. E não podia ser de outra forma, pois estes jornais, como já foi dito, nunca poderão alcançar o estatuto de jornais de referência, pelo simples facto de que é necessário servir-se o interesse público para se ser um jornal do cidadão. E esta questão não podia vir mais cheia de pertinência.
Há, obviamente, uma distinção entre interesse público e interesse do público. O primeiro diz respeito às notícias que têm relevância no domínio cultural, político, económico e social de um país; o segundo está ligado às exigências e expectativas do público em geral. Não será preciso darmos mais que dois exemplos para que isto seja bem visível: a TVI e o 24 Horas. Estes são dos maiores servidores do interesse do público, sendo que o primeiro acumula as maiores audiências, ao contrário do segundo que, pelos vistos, fará estas fabulosas "alterações" nos conteúdos temáticos do jornal para aumentar as vendas.
Enfim, houve um comentário de há uns posts que continha uma expressão que vou transcrever, visto que descreve da melhor maneira o que se passa com a comunicação social em Portugal.

Pelos vistos, em Portugal dá mais saída servir o interesse do público (que é mais interessante) do que o interesse público (que é mais importante). Há, portanto, uma "emerdização" dos media em Portugal e que tem tendência para aumentar, o que se comprova pela análise das audiências nos diferentes meios de comunicação.

Cumprimentos, Simão Martins

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