O meu fascínio pela música remonta ao tempo das cassetes, em que gravávamos as músicas para depois as ouvirmos no carro. Lembro-me que um dia, após o meu pai me ter mostrado a música Dennis, Dennis dos Blondie, fui a correr gravar uma cassete com essa música, tendo cometido a proeza de a gravar duas vezes seguidas. Como não havia o repeat...
E depois surgiu o cd. Esse sim, já com repeat. E com mais espaço, e melhor qualidade, e mais super e ultra que tudo o que existira até então. Deu-me a conhecer tudo o que há de bom nesta vida, músicas que ficam e que desaparecem, mas só na e da nossa prateleira.
E com o passar do tempo o mp3 e a geração iPod.
Há aqui um pormenor interessante: as descrições foram diminuindo de tamanho à medida que ia descrevendo a evolução nos suportes de reprodução musical.
E a razão é simples. É que esse pormenor traduz o que se passa na realidade, como em tudo na vida. Uma redução constante dos suportes, tanto em tamanho físico como virtual, qual avião que está prestes a cair e precisa de excluir tudo o que é inútil.
Pois bem, é esse sistema que hoje contrario, embora me seja impossível evitá-lo (basta olhar para o lado direito deste blogue, onde se encontra uma playlist de músicas em formato mp3).
E de todos os suportes de reprodução musical que conheci até hoje, o mais recente foi, sem dúvida, o gira-discos.
Grande suporte das festas e das sessões de cartadas do meu pai, na sua antiga casa, o gira-discos consegue fazer com que criemos uma relação de proximidade e empatia com a música que nenhum dos outros, nem mesmo a cassete, alcança. O limpar o disco, colocar o disco, o cuidado em que pomos a agulha na borda do mesmo e logo depois aquele momento de descontracção em que saboreamos a música (excepto quando nos enganamos nas rotações), fazem do gira-discos um instrumento insubstituível. E foi por isso que entrou cá em casa, neste Natal, o gira-discos na foto em cima colocada. E não chegou sozinho. Veio de mãos dadas com um disco fabuloso dos LCD Soundsystem feito especialmente para a NIKE, que é nada-mais-nada-menos que uma remistura de 45 minutos, como poderão decerto observar na fotografia do mesmo.
Isto sim, é o mundo da música. Não são as carradas de cd's e de mp3 que se sacam do eMule para pormos no iPod ou no mp3. Não são os cd's que vendem milhões. São estes discos, que se ouvem aos bocados e que se apreciam como poucas coisas na vida.
Cumprimentos, Simão Martins
2 comentários:
Simão: Fico feliz por dizeres que herdaste do pai o amor pelos discos e pela música. Assim como herdaste da mãe o amor pelos livros e o sentido de justiça da mãe. Por agora diria apenas que na tua idade tinha "muitíssimos menos" discos do que tu tens agora, e apenas a rádio alimentava a minha sede de descobrir novos sons. Quando comprava um single ou um albúm ouvia-o até à exaustão. Porque nem todos os meses era possível comprar discos. Lembro-me de ouvir os singles dos Police «Message in a bottle» e «Roxanne» mais de 10 vezes seguidas e aquilo ser perfeitamente fantástico. Claro que ajudou imenso ter 18, 19 ou 20 anos, altura em que é tudo fantástico. Beijos do pai.
Tens um pai formidàvel !!Guarda-o por muitos anos
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