sábado, dezembro 29, 2007

Dove

Nem a propósito do post anterior, convém irmos alertando os mais novos, principalmente as mais novas, para que se coíbam de adquirir a estupidez bem latente na anteriormente referida Soraia Chaves.

Fabulosa publicidade esta da Dove!



Cumprimentos, Simão Martins

"É mais difícil expor as emoções do que o corpo".

Soraia Chaves, Jornal de Notícias, 23-12-2007

A já conhecida "actriz" Soraia Chaves lembrou-se de vir à praça pública deixar mais uma daquelas afirmações que eu considero, ao contrário do que possam pensar, compreensíveis. A menina do Crime do Padre Amaro é tudo menos uma senhora respeitável, aquele paradigma que ainda vamos elegendo nas mulheres como seres totalmente antagónicos ao homem, mais para o bem do que para o mal, e por isso se justifica perfeitamente esta afirmação. Além disso, parece que é realmente neste sentido que vai avançar o cinema português: corrupção, sexo, tiros e acção. Mas é o que o povo gosta e compra, vá-se lá saber porquê!

Pergunto-me se esta Soraia Chaves não se integrará melhor no meio pornográfico, se é que isso não acontece já.

Cumprimentos, Simão Martins.

domingo, dezembro 23, 2007

O Natal


Eu adoro o Natal. Não o posso negar porque de facto é uma época que me faz sentir bem. Gosto de ir à Baixa e ver as crianças a delirar com as prendas e com o Pai Natal e as renas e tudo o resto, e aquele friozinho que nos faz andar com mil roupas em cima deixa-me bem disposto.
Também gosto de receber prendas. E de dar. E também gosto de deixar passar os outros na estrada quando não têm prioridade e de deixar os peões atravessar num sinal mesmo que esteja vermelho. Gosto de acordar e vestir o meu roupão e beber um chá quentinho com umas torradinhas. Gosto de fazer o presépio e enfeitar a árvore de Natal com aquelas coisas que fiz quando tinha 5 ou 6 anos.
Gosto de ouvir música e ler um livro, gosto dos filmes sobre o Natal e do Natal dos Hospitais. Gosto de escrever estes textos em jeito de composição de Língua Portuguesa do quarto ano.

Por fim, devo dizer: VIVA A NATALIDADE! Perdão, queria dizer: VIVA O NATAL!



Cumprimentos e um feliz natal a todos, Simão Martins.

sábado, dezembro 22, 2007

You can't stand my now...


Pete Doherty é talvez um dos grandes fenómenos da música hoje em dia. Para o mal e para o bem. Não foi por acaso que decidi inverter a ordem da habitual expressão "para o bem e para o mal". É que para além de músico, Doherty consegue já pertencer a um estatuto que, vendo realmente as coisas como elas são, nos permite apelidá-lo de criminoso. Não sei se isso será causado pelos amores e desamores em torno de Kate Moss ou até mesmo por um distúrbio mental algo complexo; por outro lado, para além de ser detido semana-sim-semana-não, Pete Doherty até já cometeu a proeza de ter ido a uma clínica veterinária com o seu gato, alegando que este estava doente e o veterinário apenas lhe disse que o que o pobre do animal tinha era droga no sangue.
Mas, e como este post não existia se não houvesse qualquer margem para "mas", este homem é também um dos maiores génios vivos. Não é por acaso que teve como produtor Mick Jones, antigo guitarrista dos The Clash. Começou por formar uma das bandas mais promissoras do século XXI, The Libertines, fazendo uma fabulosa parelha com Carl Barat, actual líder dos Dirty Pretty Things. As coisas não correram bem, o projecto não andou para a frente e tínhamos, algum tempo depois, Pete Doherty a liderar os Babyshambles. Vi-os em Paredes de Coura este ano, desfalcados, vá-se lá imaginar por que razão, mas Doherty estava lá, cantou Can't Stand Me Now, Fuck Forever e The Blinding (a primeira, o grande single dos Libertines, enquanto que as restantes são da autoria dos Babyshambles).
Já por uma vez tinha referido aqui no blog esta estranha simpatia que tenho para com estes seres tão pouco politicamente correctos, o que equivaleria a dizer que Doherty é, sem dúvida, o vilão da história. Mas mantém-se este chato "mas" (Hergé escreveu: "nem mas nem meio mas"), pois eu gosto deste vilão. O mau da fita é um soberbo escritor de canções, excelente músico, nem por isso um grande cantor e é também por ter decidido na sua vida cantar algumas canções que não me são indiferentes que faz com que ele não passe despercebido no meu ouvido.
Tento esquecer o delinquente por trás do artista e de facto vejo o que ele é e será sempre, quer esteja vivo ou morto, preso ou em liberdade condicional, feliz ou deprimido: um génio.
Por todas estas razões e outras menos importantes que me passaram ao lado, Eight Days A Week interpretada pelos Libertines.



Cumprimentos, Simão Martins

quarta-feira, dezembro 19, 2007

O nosso Portugal

Entro num café, pelas nove da manhã, bem ensonado. Aproveito e sento-me, antes de ter que entrar para o trabalho. Bebo o café e como a torrada ou que quer que seja e que me sirva de pequeno-almoço, e tenho como espectacular banda sonora de fundo o seguinte:

"Olha-me para estes javardos! Tanta coisa, tanta coisa, e lá se escaparam para a terra deles!"
"Ai pá, mas eu não já nem durmo descansada com esta coisa toda. Olha, no meio disto tudo, a única de quem tenho pena é da menina!"
"Pois, mas eu cá também não acredito que tenha sido a mãe...Ela fartava-se de chorar nas entrevistas e andava sempre com o ursinho da menina...Naaa, eu cá não acredito que uma mãe possa fazer coisas dessas."
"Não digas isso mulher! Vê-se logo que foi aquela escanzelada que arranjou alguma prá menina e que depois se tentou escapar, mas mal, e olha que nem as idas à missa a safam."


"Tu diz-me o que tu quiseres, mas eu cá só vou estar bem quando o Paulo Bento meter outro tipo em vez daquele Purovic ou Puro não sei quê."
"Olha que o gajo tem uns pezinhos que é um mimo!"

"Oh pá, vê-se logo que não percebes nada de bola, o homem tem ali é umas canetas que até metem medo!"
"Ele que não vá buscar um jogador a sério que não é preciso. Até o comem vivo!"

"Ele precisa é de tipos que façam bem as transições defesa-ataque!"


"Esta coisa é só reuniões e estrangeiros cá em Portugal, o Sócrates tá a viver bem, que dizes?"
"Por acaso...Ai pá, mas viste-me ontem aquela parte da novela em que o outro bateu naquela?!"

"Ai que tragédia! Vi pois! Mas olha não podemos começar nesta converseta outra vez senão nunca mais saímos daqui."


Cumprimentos, Simão Martins

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Touradas


"Agora via o homem claramente, e ouvia a voz fina e limpa enquanto voltava a cabeça e, olhando as pessoas que estavam na trincheira e depois para todos os que estavam acima da barreira vermelha dizia: «-Vejamos se o posso matar assim!» Ouvia-lhe a voz e via o matador avançar dobrando o joelho. Seguia a penetração da arma por cima dos cornos que se abaixavam agora como por magia à medida que o focinho do touro seguia a capa que rastejava no chão, o pequeno pulso moreno muito firme dominando o abaixamento dos cornos e dominando-os, enquanto a espada penetrava na massa sombria do garrote. Via a penetração da lâmina brilhante, lenta e regular, como se o ímpeto do touro tivesse por fim enterrar a espada cada vez mais fundo, arrancando-a à mão do homem; viu-a desaparecer até ao momento em que o homenzinho moreno, cujos olhos não se tinham afastado do ponto onde a lâmina desaparecera, afastava agora os cornos do seu ventre liso e se afastava do animal para se endireitar, tendo na mão direita a capa e levantando a mão direita para ver morrer o touro. Via-o de pé, os olhos fitos no animal que tentava aguentar-se sobre as patas, o touro que oscilava como uma árvore antes da queda, o touro que lutava para se aguentar nas patas, a mão do homenzinho levantada no clássico gesto do triunfo. Via-o de pé, banhado em suor, no imenso alívio de tudo estar acabado, o alívio de ver morrer o touro, alívio de não ter sido ferido nem morto quando se tinha afastado; depois, enquanto ele continuava de pé, o touro abatia-se por fim, rolando, morto, as quatro paras no ar, e via o homenzinho moreno dirigir-se, fatigado e sem sorrir, para a trincheira"

Por quem os sinos dobram, Ernest Hemingway


Cumprimentos, Simão Martins

sábado, dezembro 08, 2007

Os três mais

Está a chegar o fim do ano, e com ele as festividades natalícias, a neblina matinal e os cachecóis. Todos eles elementos que institucionalizam o Inverno, que é para mim a época mais bonita de todo o ano.
Com tudo isto e muito mais, chegam também as ilações de mais uma jornada musical. 2007 não fugiu à regra e é por isso um ano rico em boa música. Álbuns novos de bandas novas? São poucos os argumentos que me fazem eleger algum. Confesso também que não fui o mais atento dos ouvintes.
Assim sendo, os três melhores álbuns deste ano foram:

1- Favourite Worst Nightmare, Arctic Monkeys



2- Sound of Silver, LCD Soundsystem



3- Myths Of The Near Future, Klaxons



No entanto, esta lista parece-me talvez demasiado injusta, portanto deixo aqui também aquelas que foram as canções ou músicas (como queiram) que me encantaram este ano:

1- Nantes, Beirut


2- Intervention, Arcade Fire


3- Wonderlust King, Gogol Bordello


4- Heart of Hearts, Chk Chk Chk (!!!)


5-Hunting For Witches, Bloc Party


6-All My Friends, LCD Soundsystem (Franz Ferdinand Cover)


7- Nude, Radiohead


8- The Bunting Song, The Good The Bad And The Queen


9- Strawberry Jam, Animal Collective


A última música leva uma dedicatória especial, com direito a letra e tudo. É bem velhinha, tem 40 anos e foi criada pelos Velvet Underground. Gosto de a ouvir quer seja domingo, ou qualquer outro dia da semana. Faz-me sentir bem, confortável, quer esteja num sofá de mil almofadas ou num simples banco de madeira. É daquelas coisas bonitas da vida que nos faz suspirar. Um dia o meu pai mostrou-ma, mas eu era tão novo que não percebia como a simplicidade é a melhor forma de demonstrar as coisas tal como elas são, e neste caso os Velvet Underground com Nico na voz souberam fazê-lo. Se eu tivesse tantos anos como esta música, acho que ainda era do tempo em que só se abriam as prendas de manhã, no dia 25 de Dezembro. Se eu fosse da idade desta música, eu gostava de a ter ouvido na manhã de Natal em que estivesse a abrir o meu presente preferido.
Esta música é para o meu pai.

Sunday Morning

Sunday morning, praise the dawning

It's just a restless feeling by my side
Early dawning, Sunday morning
It's just the wasted years so close behind
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call It's nothing at all
Sunday morning and I'm falling
I've got a feeling I don't want to know
Early dawning, Sunday morning
It's all the streets you crossed, not so long ago
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call It's nothing at all
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call It's nothing at all
Sunday morning
Sunday morning
Sunday morning



Cumprimentos, Simão Martins

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Antony

Ele ou ela. Tanto faz.



É talvez esta a melhor introdução a Antony Hegarty, um dos grandes intérpretes dos tempos que correm. Ganhou o Mercury Prize em 2005 (o mesmo ganho pelos Franz Ferdinand um ano antes e Arctic Monkeys um ano depois) com o seu segundo álbum "I'm a Bird Now", no qual conta com as colaborações de Boy George, Rufus Wainwright e Lou Reed, entre outros.
Aproveito para enfatizar a qualidade deste álbum, perceptível à partida através de canções como "Hope There's Someone", "My Lady Story" e "You Are My Sister". A voz de Antony é sem dúvida sublime, com todo o seu vibrato acentuado, mas com um timbre agradável e cujas melodias e letras são dignas dos mais fervorosos aplausos.
Hoje sugeria uma música do seu primeiro trabalho "Antony and the Johnsons", "Cripple and the Starfish".
Espero que gostem.

Mr. Muscle forcing bursting
Stingy thingy into little me, me, me
But just "ripple" said the cripple
As my jaw dropped to the ground
Smile smile

It's true I always wanted love to be
Hurtful
And it's true I always wanted love to be
Filled with pain
And bruises

Yes, so Cripple-Pig was happy
Screamed " I just compeletely love you!
And there's no rhyme or reason
I'm changing like the seasons
Watch! I'll even cut off my finger
It will grow back like a Starfish!
It will grow back like a Starfish!
It will grow back like a Starfish!"

Mr. Muscle, gazing boredly
And he checking time did punch me
And I sighed and bleeded like a windfall
Happy bleedy, happy bruisy

I am very happy
So please hit me
I am very very happy
So please hurt me

I am very happy
So please hit me
I am very very happy
So come on hurt me

I'll grow back like a Starfish
I'll grow back like a Starfish
I'll grow back like a Starfish
I'll grow back like a Starfish


Cumprimentos, Simão Martins

terça-feira, dezembro 04, 2007

UPS!


Bom, penso que foi desta que a administração Bush e o próprio mostraram ao mundo a credibilidade que de facto nunca tiveram. Depois do arrependimento da guerra (mas só depois de terem destruído meio Iraque), vem a gota num copo de água que já vinha ficando bem cheio, de há uns anos para cá:

Os serviços secretos norte-americanos concluíram que, afinal de contas, o Irão não passa dum país com potencial para fabricar armas nucleares, algo que não fazia desde 2003.
Atenção, todos temos noção que o fulano, Mahmoud Ahmadinejad, não é um inofensivo de primeira, mas isto leva-nos a pensar que as tendências pró Bush são inequivocamente máscaras de uma cada vez maior e mais descarada procura de petróleo.
Aquele que era um dos "bicos" do triângulo do mal, passou a ser mais um país com potencial para produzir armas nucleares.

Mas os EUA também o são.
Que engraçado!
E que coisas boas têm feito pelo mundo.
Decerto serão inofensivos.
Vamos lá provocá-los a ver se não levamos com elas logo de seguida?
Claro que a maioria dos americanos, aqueles obcecados pelo Dr. Phill ou pelas frequentes intervenções do execrável Bill O'Riley, os que cujos olhos brilham cada vez que a Oprah diz "The United States of America, undoubtly the greatest country in the World!" não conseguem dizer que não.
Para eles e para os respectivos umbigos, serão sempre "The Greatest Nation in The World".
É pena que o Bush já esteja demasiado enterrado. Demasiado para fazer mais porcaria do que já fez. Esperemos que assim seja!

Cumprimentos, Simão Martins