sábado, dezembro 22, 2007

You can't stand my now...


Pete Doherty é talvez um dos grandes fenómenos da música hoje em dia. Para o mal e para o bem. Não foi por acaso que decidi inverter a ordem da habitual expressão "para o bem e para o mal". É que para além de músico, Doherty consegue já pertencer a um estatuto que, vendo realmente as coisas como elas são, nos permite apelidá-lo de criminoso. Não sei se isso será causado pelos amores e desamores em torno de Kate Moss ou até mesmo por um distúrbio mental algo complexo; por outro lado, para além de ser detido semana-sim-semana-não, Pete Doherty até já cometeu a proeza de ter ido a uma clínica veterinária com o seu gato, alegando que este estava doente e o veterinário apenas lhe disse que o que o pobre do animal tinha era droga no sangue.
Mas, e como este post não existia se não houvesse qualquer margem para "mas", este homem é também um dos maiores génios vivos. Não é por acaso que teve como produtor Mick Jones, antigo guitarrista dos The Clash. Começou por formar uma das bandas mais promissoras do século XXI, The Libertines, fazendo uma fabulosa parelha com Carl Barat, actual líder dos Dirty Pretty Things. As coisas não correram bem, o projecto não andou para a frente e tínhamos, algum tempo depois, Pete Doherty a liderar os Babyshambles. Vi-os em Paredes de Coura este ano, desfalcados, vá-se lá imaginar por que razão, mas Doherty estava lá, cantou Can't Stand Me Now, Fuck Forever e The Blinding (a primeira, o grande single dos Libertines, enquanto que as restantes são da autoria dos Babyshambles).
Já por uma vez tinha referido aqui no blog esta estranha simpatia que tenho para com estes seres tão pouco politicamente correctos, o que equivaleria a dizer que Doherty é, sem dúvida, o vilão da história. Mas mantém-se este chato "mas" (Hergé escreveu: "nem mas nem meio mas"), pois eu gosto deste vilão. O mau da fita é um soberbo escritor de canções, excelente músico, nem por isso um grande cantor e é também por ter decidido na sua vida cantar algumas canções que não me são indiferentes que faz com que ele não passe despercebido no meu ouvido.
Tento esquecer o delinquente por trás do artista e de facto vejo o que ele é e será sempre, quer esteja vivo ou morto, preso ou em liberdade condicional, feliz ou deprimido: um génio.
Por todas estas razões e outras menos importantes que me passaram ao lado, Eight Days A Week interpretada pelos Libertines.



Cumprimentos, Simão Martins

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