Para começar, gostei. Uma forma de escrever bastante marcante, não só pelos frequentes "haveria de recordar anos depois" ou "anos depois faria isto e aquilo", como também pela enorme perspicácia com que apanha os pormenores do dia-a-dia, aquelas coisas que geralmente não nos damos conta, em que até formigas têm papel de relevo.
Posteriormente, a história em si. Fazendo jus ao nome, a história retrata cem anos de uma família (supostamente colombiana), passando-se toda a acção numa terra fictícia chamada Macondo, indo de geração em geração e em que cada personagem tem o seu quê de influência no clímax atingido precisamente na última página do livro; para quem não leu, será talvez necessário o auxílio de uma árvore genealógica da família Buendía/Iguarán (para quem já leu, perceberá certamente a minha aflição no final do livro).
Sendo o primeiro livro que leio deste autor, não consigo afirmar objectivamente que a maneira como escreve em Cem Anos de Solidão, será necessariamente a mesma de outros livros, como por exemplo em Crónica de Uma Morte Anunciada, o próximo a ler de García Márquez.
Fiquei contente, ao acabar o livro, a sério que fiquei.
Dá gosto de ter algo que nos acompanha quando nada mais há no Mundo para além dos Morangos com Açúcar, ou o futebol que nunca acaba, ou até numa viagem de camioneta que se prevê sempre longa e interminável, ou simplesmente uma mera expedição a um centro comercial.
Cumprimentos, Simão Martins