quinta-feira, junho 28, 2007

Mr. Nobody


Segundo o Diário Digital de hoje, o Google está prestes a acabar com a versão alemã do Gmail (o e-mail do Google, isto para os menos informados). Tudo devido a uma proposta de legislação que proíbe a criação de contas de e-mail anónimas, algo que vai contra a política do Google e da maior parte das empresas do ramo.
Ora, o que me interessa aqui discutir não é este facto em si, mas mais a discussão que isso gera e que aliás já tem dado que falar um pouco por todo o lado. Interessa-me então saber:

Qual a pertinência ou falta dela no anonimato na Internet?

Respondendo concisamente e para que não haja espaço para dúvidas: toda a pertinência.
A Internet é, como se sabe, o novo grande espaço comunicativo, um dos grandes pilares da tão aclamada globalização. Mas esta rede ou este conjunto de redes que dá pelo nome de Internet é também um dos locais mais perigosos para se estar. A expressão está, por acaso, muito bem escolhida. Porque nós estamos na Internet, e como em qualquer lugar, convém saber onde se está e como se está (perdoem-me a repetição excessiva). A segurança é, realmente, um tema que me interessa, e acho que posso falar por mais uns quantos.
Todos sabem o que é o Hi5. Ora o Hi5 mais não é do que uma rede do género Myspace, em que se pode fazer partilha de documentos e sobretudo informação. E não é um tipo de informação qualquer: apenas o nome ou alcunha, fotografias, idade, local de residência, local de trabalho, gostos, enfim, creio que já sabemos que convém parar um pouco para pensar se é realmente uma forma de comunicar assim tão segura. Se me derem cinco minutos para pensar se eu conheço alguém sem Hi5 (à excepção dos meus pais, avós e alguns tios), concluo que na verdade devem ser muito poucas as pessoas que não possuem um espaço nesta rede. Para além de pôr em causa alguns valores da privacidade, não padece de um elevado grau de segurança, o que por exemplo já não acontece com o Messenger, cujo funcionamento não merece qualquer explicação.
Por último, a questão da Blogosfera. Sabe-se claramente que hoje em dia a maior parte dos grandes boatos que reinam a mediatização partem da Blogosfera; e, exceptuando os blogs cujos autores são figuras públicas e reconhecidas a nível mediático, todos os outros permanecem ou no anonimato ou num pseudo-anonimato (exemplo deste último é precisamente este blog). Assim, ninguém me proíbe nem sou punido por lançar um boato relativo a qualquer figura pública; por outro lado, teria de ter mais cuidado com a minha identificação caso eu fosse mais um blogger com alguma influência na agenda do dia. Como assim não é, melhor.
Retenha-se, ainda assim, o mau exemplo dado por um blogger ao acusar Miguel Sousa Tavares de plágio em relação ao seu romance Equador, pelo que depois se tornou um processo de complicada resolução, devido (lá está) ao estatuto de anonimato do acusador.

Como em tudo na vida, há-que haver máxima liberdade à qual deverá estar associada a máxima responsabilidade, e não é por se tratar de um dispositivo virtual e digital que isso deixará de ter sentido.

Cumprimentos, Simão Martins

terça-feira, junho 26, 2007

Octávio no Mundo



A "embriaguez" causada pelo filme de ontem fez com que me esquecesse por completo de referir uma experiência que considero fantástica e inesquecível, tendo feito ontem um ano que estreou Octávio no Mundo, uma peça de Jacinto Lucas Pires, com a encenação da fantástica Natália Vieira (também com o apoio de Diogo Dória).
Trata-se de um projecto bastante interessante levado a cabo pela Culturgest (o Panos), que convida vários escritores, argumentistas, entre outros, para escreverem peças de teatro que serão encenadas por várias escolas. O ano passado foram propostas três, sendo que a que mais se adequava ao nosso grupo foi mesmo a escolhida. E este projecto não podia ser mais cativante: é-nos apresentado um guião, que podemos discutir com o autor e com o encenador, propor até diferentes formas de representação (deve ser a única forma de isso acontecer no teatro).
Mas falemos de Octávio no Mundo:

Octávio é um miúdo que aparece numa sala, num palco completamente nu, e aquele é o seu mundo. Surge Inocêncio, o dono do jogo. Ah, afinal temos um jogo! Apercebemo-nos de que não será tão fácil de compreender como esperávamos. Octávio está embaraçado, não sabe como há-de reagir àquela definição do que o rodeia. Inocêncio apresenta-lhe uma vez mais o seu mundo, e não se pode dizer que o rapaz embaraçado que está no centro da acção se sinta convencido ou até satisfeito. A cena acaba com um diálogo fantástico que transcrevo para aqui e que definirá muito do que se passará ao longo de toda a história:

Inocêncio - Esqueci-me do que ia dizer (pausa).

Octávio - Estavas a falar de -

Inocêncio - Ah, sim. A história do jogo dentro da cabeça, que afinal é um mundo concentrado e concentrando-se cada vez mais até explodir, com todos os fogos-de-artifício possíveis e impossíveis e verdadeiros, noutra coisa perfeitamente diferente. O que estava a dizer era que se tens mesmo de fazer alguma coisa, levanta-te ou senta-te - uma das duas, nunca as duas ao mesmo tempo, isso seria feio e feio-mau - e imagina que és um miúdo com ténis vermelhos.

Octávio
- (enquanto as luzes se apagam) Só isso?

Realmente, este jogo de palavras intencionais e pré-meditadas, o tipo que já conhece o terreno pantanoso em que o novato se mete, o rapaz que nem sequer sonha onde é que se foi enfiar, apesar de aquele vir a ser o seu mundo.
Mas, se é um jogo, como podemos afirmar inequivocamente que aquele é o mundo de Octávio e que é algo real? Pois bem, toda a peça está impregnada de influências de filmes como Existenz ou Matrix, em que não sabemos bem se estamos a pairar na realidade ou na virtualidade; aliás, essa explicação é também bastante complicada de obter em Octávio no Mundo, pelo que as diferenciações que se fazem entre o real e o virtual são quase imperceptíveis em representação no palco. A ambiguidade desta esfera bidimensional tem o seu apogeu na relação com Júlia, a miúda Júlia, aquela por quem Octávio é capaz de deitar tudo a perder, a sua mais que tudo. Para quem leu ou virá a ler a peça, pode denotar uma alternância ao nível do diálogo, em que umas vezes se está dentro da peça, dentro do jogo, e outras vezes meras divagações com o público.
Como disse, a experiência que foi ter entrado nesta peça, entrado ao ponto de sonhar com ela, ao ponto de no dia-a-dia não ser capaz de não dar a resposta-chave de mais uma conversa com Júlia, os tiques que se ganham e tão cedo não se perdem; enfim, o Octávio mudou a minha vida para melhor e posso dizer que se aprende muito com esta peça.


p.s: Para quem a quiser ler, pode deixar um comentário aqui no blog com o respectivo mail que eu farei o favor de lhe mandar um documento com a peça integral.

Cumprimentos, Simão Martins

De besta a bestial e passando de novo a besta

Geralmente, nas histórias, há o vilão e o herói. Hoje pretendo dedicar o post inteiramente ao primeiro.



O que é um vilão e que papel tem ele numa história? Normalmente aparece-nos como um tipo simpático à primeira vista, que depois se vai desembrulhando numa personagem asquerosa e miserável ou simplesmente um tipo execrável do início ao fim da história. Enfim, independentemente da conduta adoptada pelo indivíduo, somos quase sempre levados a odiá-lo até ao final do filme e costumamos remoer-nos por isso, culpamo-nos de o termos deixado sequer ter ocupado um espaço de afectividade na nossa mente. Isso aconteceu-me em Match Point, o soberbo filme de Woody Allen, em que o vilão em questão (bom, não direi o que lhe acontece pois isso seria a morte do artista e eu não gosto de estragar surpresas) teima em persistir nas nossas mentes mesmo quando já chegamos à camioneta ou ao carro, mesmo quando estamos prestes a acabar o livro de que tanto gostamos e deixamos essa tarefa para depois, só porque o sacana não dá o braço a torcer. Pois bem, em Down in the Valley, o filme que tive o prazer de ver hoje, o vilão deixou-me surpreendentemente agradado com a sua prestação.
Sublinhe-se no entanto a existente subjectividade na minha análise, tendo em conta que o actor que dá corpo a Harlan é Edward Norton, um intérprete soberbo e um dos melhores da sua geração, sem dúvida.
Continuando, é realmente atípico termos esta empatia com uma personagem que é simultaneamente uma besta, bestial, volta a ser besta mas que acaba no clímax da bestialidade. Trata-se de uma avaliação que é impossível em Robert de Niro em Cabo do Medo, por exemplo, em que apenas queremos ver-nos livres do idiota que nos impede de ficarmos quietos na cadeira a partir de metade do filme.

É, aliás, a partir destes pressupostos da empatia com o vilão que foi construída a personagem do já conhecido e mediático Dr. House, que consegue, devido a esta ambiguidade ética e moral que o caracteriza, ganhar adeptos e inimigos.

Enfim, quero com isto dizer que, ao contrário do que nos ensinam desde cedo, sobre o bem e o mal, o que se deve ou não fazer, pensar, etc, penso que hoje em dia os muros que durante muito tempo existiam (filosoficamente divagando) entre o bem e o mal estão reduzidos a breves amontoados de indefinição e ambiguidade.
O vilão é mau, mas faz o miúdo contente; ele rouba para agradar a miúda que ama mas ela passa a amá-lo ainda mais por isso e nós ficamos felizes. Ao invés do parvalhão do De Niro, que me fez mudar várias vezes de posição no sofá, a prestação deste vilão é ambígua, gerando-nos momentos de grande emoção e outras vezes mordidelas nas almofadas.
Será então correcto dizermos que um vilão é simplesmente um vilão? Ou que essa personagem hoje em dia pode assumir até um papel de pseudo-herói (o exemplo de Tony Soprano é útil para este caso) que nos deixa confortáveis quanto à sua posição na sociedade e o papel que desempenham?

Cumprimentos, Simão Martins

quinta-feira, junho 21, 2007

Ora bem. Contagiado pelo final das frequências do primeiro ano da faculdade, deixo hoje aqui descritos os dois momentos que me impressionaram e que marcaram o meu dia. Normalmente não utilizo blogue como forma de "diário" mas acho que hoje vale a pena:

1º caso:

Ao lado do centro de saúde aqui mesmo ao pé de casa, num largo parque de estacionamento encostado ao passeio, uma senhora com uma carrinha Renault Megane tentava tirar o seu carro, que se encontrava entre outros dois veículos ligeiros. Não digo que o faria melhor que ela, nada disso. Apenas reparei que, na parte traseira do veículo, como é costume nos Renault, tinha uns sensores que deveriam (e deviam mesmo) estar a fazer uns "pi's" dentro do respectivo automóvel. E qual não é o meu espanto, ao ver que o embaraço da condutora se transforma em pânico e dá sensivelmente quatro "coices" seguidos na parte dianteira do automóvel atrás. Bem, confesso que é daquelas coisas que nos faz tropeçar na pedra da calçada desviada no próximo metro, e eu não me preocupei em fugir à regra. Lá fui cambaleando até retomar a compostura inicial, mas fui andando mais devagar para avaliar os estragos provocados pela perícia da respeitável senhora (perdoem-me o sarcasmo perverso); bom, e o resto já devem ter deduzido: que belas gargalhadas que soltei e franzi o sobrolho esquerdo, pensando "realmente temos muito bons e honestos condutores neste país".
Não, ela não deixou qualquer papel no pára-brisas do carro que se limitou a amolgar.

E passemos ao segundo belo momento do dia:

2º caso:


Hoje, tal como já referi no início do post, realizei a minha última frequência do primeiro ano da faculdade. Métodos de Pesquisa e Investigação. Basicamente uma disciplina que nos "ensina" como pesquisar no Google; definições de ciências e como elaborar um bom trabalho científico. Enfim, a temática não é bem para aqui chamada. O que interessa referir são dois pormenores que se revelaram bastante esclarecedores quanto à conduta de alguns docentes de certas e determinadas faculdades. Ora, o primeiro factor (que cronologicamente nem foi o primeiro) diz respeito ao facto de o professor responsável pela disciplina em questão ter entregue as frequências e ficado a vigiar a sala de aula, saindo dez minutos depois, e só esporadicamente vinha vigiar por pouco tempo a frequência (qual McCann) que deveria demorar mais ou menos noventa minutos. O que descobrimos após recebermos as frequências, é que havia uma estranha coincidência entre a prova que nos era entregue e a que tinha sido distribuída à turma que fizera exame antes de nós, coincidência essa que deixo aqui:


Frequência do primeiro turno (carregar na imagem para aumentar)

Frequência do meu turno (carregar também na imagem para aumentar)


Cumprimentos, Simão Martins

terça-feira, junho 19, 2007

Cor de pele


É, certamente, uma questão a deixar esclarecida. E digo isto, pois desde a altura da primária que me fui habituando a, sempre que tencionava pintar uma cara de uma pessoa de raça branca, tentava pintar de forma a que se parecesse ao máximo com a tão afamada (e no meu entender inexistente) cor de pele. De facto, trata-se de uma designação ridícula e incoerente mas que é desde cedo impingida às crianças, sublinho, erradamente.

Ora, isto leva-nos para outra discussão também ela interessante mas decerto mais perigosa e muitas vezes contornável: não há, definitivamente, a designação de cor de pele, mas sim pessoas brancas, pretas, umas mais para o amarelado, outras mais para o acastanhado. Enfim, estarmos a afirmar que alguém tem cor de pele é, repito, errado. Mas muitas vezes acontece termos que nos referir às pessoas cuja pigmentação não lhes confere o estatuto de "brancas", o que para muita gente é visto como um entrave ameaçador à liberdade de expressão. Quem é que nunca hesitou, olhando em redor para ver se não estava nenhum por perto, antes de dizer "O preto"? Essa hesitação nasce precisamente de uma conotação que o termo preto foi ganhando ao longo da história. Outrora escravos, os pretos são (como sempre deveriam ter sido) tão cidadãos quanto eu, o primeiro-ministro ou o presidente da República. E, saberá lá o Senhor porquê, sempre que eu digo "o preto", sou logo alvejado por "shius" ou "olha lá o racismo", entre muitos outros ralhetes devido ao meu (pelos vistos) impropério.

Nos EUA, há a conhecida expressão nigger, que já vai dando que falar um pouco por todo o mundo. Tal como para muitos o preto é algo com uma conotação negativa, também o nigger funciona um pouco assim, mas de uma forma mais radical. Aliás, há uns meses, num talk show, Michael Richards, o famoso comediante que encarnava a personagem Kramer na série Seinfeld, teve um momento de histeria incontrolável em que repetia vezes sem conta a palavra nigger, com o intuito de chocar a audiência e, como se viria a revelar, grande parte dos EUA. Independentemente do que aconteceu nesse talk show, a importância do emprego deste termo revela-se totalmente quando este vem, passado algum tempo, pedir desculpas na televisão por ter agido daquela forma, ou melhor, por ter dito nigger tantas vezes.

Voltando à lusofonia, há também outra situação que é necessário esclarecer nestas coisas das raças: é que, quer queiramos, quer não, muitos indivíduos que nós dizemos serem pretos são, na realidade, castanhos, o que semanticamente não fará muito sentido, na minha modesta opinião. Há como que uma desonestidade linguística bem representada nas nossas atitudes, na forma como ainda encaramos os pretos. Por que é que muitas pessoas ainda lançam o comentário depreciativo e habitual quando vêem, por exemplo, um preto a conduzir um automóvel descapotável? O mais certo é dizerem que foi roubado.
Infelizmente, ainda persiste a indissociabilidade entre os pretos, o vandalismo e a criminalidade. É melhor parar para pensar um pouco, e ver que esta diferença de raças jamais fará sentido, sendo que a descriminação que se faz a partir da cor da pele para a pessoa em si é uma descriminação baseada em pressupostos, muitas vezes errados. Martin Luther King veio ao mundo e deixou uma mensagem (neste caso, um sonho por cumprir), e ainda hoje se sentem algumas marcas de que ainda estamos bastante atrasados no que toca à total integração dos pretos na sociedade.


Cor de pele? Humana, se faz favor.


Cumprimentos, Simão Martins

quarta-feira, junho 13, 2007

THE END


A discussão surgiu há dois dias. Até pode ter parecido insignificante, mas eu já vou tendo esta mania mais ou menos irritante de dar um valor exagerado às coisas que por vezes nem o justificam. Pois bem:
A série d' Os Sopranos vai acabar e pelos vistos é um final em aberto. Mas a história acaba, pois o realizador já fez questão de negar qualquer continuidade da série. Então, digo eu, deixar um final em aberto não será o mesmo que admitir que esse final é, simplesmente, o final da história. O que não significa que fosse obrigatório que todos morressem e que aí sim pudéssemos afirmar que estava ali o final da história. Admito, necessito de uma definição para o "final da história". E, de facto, não me parece que um final em aberto encaixe tranquilamente neste conceito.

A sério que gosto de pensar nestas coisas.

Continuando, esta definição (atenção, tudo segundo o meu ponto de vista) vai muito de encontro à tranquilidade inerente ao final da história. Se somos deixados no suspense irritante e insustentável, perdemos a sensação de estarmos perante o já (demasiadas vezes) referido final da história. É por isso que eu afirmo que um final da história, tal como está descrito no filme, só fará sentido caso não haja um final inacabado, um final cujas características poderão levar a uma multiplicidade de interpretações impeditivas, por si só, de nos sentirmos tranquilos quanto ao desfecho da narrativa. Há outros casos, em que a confusão por si só nos impede de elaborarmos um raciocínio suficientemente coerente e capaz de destronar toda e qualquer interpretação para além da nossa.
Por fim, temos o caso da inexplicabilidade dos filmes. E aqui, será necessário admitir que o final da história tresandará a híbrido, isto é, sabemos que a história acabou, o filme já vai nos créditos, mas ainda não sabemos que sentido havemos de dar à narrativa, que sentimento haveremos de adquirir após vermos aquele filme? Lembro-me de um filme que vi há já algum tempo (sendo esta distância temporal impeditiva de uma melhor análise do mesmo), Donnie Darko, em que se verificava isto mesmo. O filme era triste, eu percebi que de facto a coisa tinha dado para o torto, mesmo sendo um pouco inverosímil, mas faltava ali a explicação, a justificação racional (não obrigatoriamente óbvia) da minha interpretação.
O meu último exemplo (e este sim caracterizado por um grande final da história) é o filme de Orson Wells chamado O Mundo a Seus Pés. E como quero que esta discussão tenha alguma coerência que a faça sobreviver no tempo:

Rosebud...

(Paradoxalmente, deixo a discussão em aberto, embora o post já tenha acabado)

Cumprimentos, Simão Martins

sexta-feira, junho 08, 2007

E como o fim-de-semana vai ser passado fora de casa, fora das preocupações que não descansam e nos ocupam constantemente o quotidiano, aqui fica uma das melhores músicas já feitas:



Cumprimentos, Simão Martins

segunda-feira, junho 04, 2007



Hoje não atribuí qualquer título a este post apenas porque não consegui. Há títulos que conseguem resumir posts, mas tal não acontece neste post em questão. Antes de me dirigir qual flecha ao assunto, deixo uma pequena nota introdutória:

Em Outubro do ano passado, fui pela primeira vez a Inglaterra. E tal como não será pertinente ir a Roma sem visitar o Papa, também eu não me coibi de ir a Londres. E em Londres, além do ultra-cliche mas fabuloso Big Ben, tive também o imenso prazer de visitar o mundialmente conhecido museu da cera londrino: Madame Tussaud.
A sério que gostei. Gostámos todos, aliás; tirámos fotografias com os mais variados "presentes" no museu, ainda deu para chocar com o Samuel L. Jackson, enfim, uma tarde muito bem passada mas de que, hoje e agora ,só interessa reter uma parte que se resume a três ou quatro minutos e que será relevante para o resto do post.
Ao passarmos pela parte das celebridades mais actuais, chegámos a uma sala em que jaziam as mais diversas personagens da História: Einstein, Picasso, Van Gogh, entre outros. Por fim, decidi tornar-me também eu numa estátua, embora involuntariamente, talvez pela visão me ter petrificado por inteiro. Ali estava eu, parado, de casaco na mão e máquina fotográfica na outra, em frente ao boneco de cera que quase dava vida a Adolf Hitler.
De facto, só a boca se mexia, por se ir abrindo a pouco e pouco. Gaguejei por momentos, e tudo isto num espaço de pouco mais que três minutos. Passado este tempo, vou alternando o olhar entre a estátua e a máquina fotográfica, até que decido: este não vai ter sequer um espaço na memória desta máquina!

Ora, depois desta "longa curta" nota introdutória, posso então dar seguimento ao episódio que também hoje me surpreendeu.

No âmbito de um trabalho da faculdade sobre o nazismo, a minha pesquisa levou-me a duas conclusões: uma, segundo a Lei de Godwin, que defende que, numa conversa online, se esta se prolongar por algum tempo, a probabilidade de se usarem analogias com Hitler ou nazis atinge praticamente os 100%.
A outra conclusão, demorou-me mais tempo a esclarecer. Ao longo da pesquisa, deparei-me inevitavelmente com a "obra-prima" de Adolf Hitler: Mein Kampf. E ao vê-la ali na íntegra, totalmente exposta na Internet, ali às mãos de qualquer um a obra que defende a supremacia de uma raça acima das outras, tive exactamente a mesma sensação que ao ver a estátua representativa da figura de Hitler. Só que desta vez, não causado por um amadurecimento posterior à visita ao museu, não provocado pelo desenvolvimento intelectual ou sentimental, decidi copiar na íntegra toda a obra para o disco rígido, na pasta Simão do meu computador; copiei para o Microsoft Word, e vi que ocupou sensivelmente trezentos e mais algumas páginas; por fim, gravei o ficheiro na pasta já referida anteriormente com o nome: Mein Kampf - Não Ler.

Só não sei por que raio é que o fiz.
Tanto o copiar, como o dar este nome à dita "obra".

Cumprimentos, Simão Martins