sábado, fevereiro 17, 2007

Iwo Jima


A primeira sensação: Viva a América! Falo sem dúvida do soberbo filme As Bandeiras dos Nossos Pais, de Clint Eastwood. Fala da farsa de uma conquista encenada com o objectivo de mover milhões de dólares para recuperar os gastos económicos da guerra. É sem dúvida um grande filme de guerra, em que a narrativa é intercalada com o cenário de guerra em Iwo Jima, a ilha que os americanos tanto ambicionaram conquistar e assim aconteceu, ao contrário de outras ocasiões.

O motivo por que falo deste filme é simples. Sem ele não teria feito muito sentido aquele que é desde já um dos melhores filmes que já tive o prazer e a possibilidade de ver.

As Cartas de Iwo Jima. A qualidade inerente a este filme deve-se a vários factores que, tentando não detalhar ao máximo o mesmo (embora vontade não me falte), são de uma perspicácia e genialidade que só Clint Eastwood me vai dando provas constantes de possuir (Mystic River, Million Dollar Baby).
Temos Saigo, um desajeitado oficial de baixa patente que acha ridícula a ideia de persistir na defesa da ilha de Iwo Jima, que vai ser uma das figuras capitais ao longo de toda a história. A grande interpretação pertence, ainda assim, ao general Kuribayashi, um visionário que tinha estado nos EUA, o que o levou a revolucionar as estratégias de guerra, por conhecer o inimigo. Surge depois Nishi, um antigo campeão olímpico de equitação que foi recrutado para ajudar a organizar a cavalaria. Por último, Shimizu, um ex-membro da polícia política japonesa, cuja história nos deixa um pouco abalados.

À partida poderiam afirmar que todas estas personagens parecem levar-nos para um filme de qualidade mediana, sem as características do que podemos chamar uma obra de génio. Mas, de facto, tal não acontece. Clint Eastwood consegue, num filme de guerra intenso (um pouco à semelhança de O Resgate do Soldado Ryan, de Spielberg) conjugar o mais cru que o humano pode ter com os mais ternos sentimentos. A determinada altura, e penso que é um dos muitos (muitos mesmo) clímaxes do filme, e quando falo de clímaxes, falo dos respectivos «golpes de génio», o momento em que Nishi decide não pôr termo à vida de um americano que alvejaram. Nishi pede ao médico da sua equipa que salve o americano, utilizando os medicamentos que restavam, argumentando que iria retirar informações sobre o inimigo. Como o interrogatório foi feito em inglês, os restantes soldados não se aperceberam de que Nishi e Sam falavam não de questões militares, mas de pormenores fúteis do quotidiano. Passado algum tempo (algumas horas), Sam acaba por morrer e Nishi lê a carta que o americano trazia consigo. A carta era da sua mãe, e aqui fica a nota que vai justificar as atitudes de ambas as partes (não conscientemente, digo-o como espectador), americanos e japoneses. Para além do desejo de Sam voltar são e salvo, dizia que «Devemos fazer o que é correcto, porque isso é o correcto».

E é isso que o filme tem de tão genial. Os pormenores que nos levam a pensar que não é preciso estarmos em guerra para reflectirmos se o que fazemos é o que está certo ou não. O mesmo se passou quando Kuribayashi, no seu jantar de despedida da América, teve que responder se, numa guerra eventual entre os EUA e o Japão, ele se juntaria à sua pátria e combateria os amigos do país que o acolheu. Ele apenas respondeu que agiria conforme as suas convicções, que seriam necessariamente as convicções do seu país.

Mais uma vez, muito bem, Clint Eastwood. E por aqui me fico, pois espero que vejam o filme, e possam vir comentar dizendo se concordam ou discordam plenamente com esta avaliação que aqui faço.

Cumprimentos, Simão Martins

7 comentários:

Anónimo disse...

O pensamento que me veio à cabeça durante todo o filme foi o porquê da guerra. Somos assim tão primitivos que tenhamos de recorrer à violência e aos instintos mais básicos e ignorantes do ser humano para resolver questões políticas? I think not! E penso que Clint Eastwood o retratou com a maior exactidão e sensibilidade no filme. Uma mãe ama o seu filho no Japão da mesma maneira como uma mãe o faz nos EUA. E sentimentos como o amor são universais!

De resto, a companhia no cinema é sempre boa... *

Anónimo disse...

BLAH BLAH BLAH...aki k lol d coment esse o da raquel....
Ja imaginou este mundo sem guerra...a guerra e um dos males do mundo ..sim todos sabemos isso..mas sem ela..n estariamos tao avançados kmo estamos...capiche???

Anónimo disse...

American War Movies...

Eu abstenho-me de ver qualquer filme de guerra produzido por americanos... porquê? "A História é sempre contada pelos vencedores" portanto, vemos sempre os "heróis" americanos em "épicos combates" a derrotarem ao som da música Conquest of Paradise dos Vangellis os "inimigos do mundo"... como se nalguma guerra houvessem "heróis", "combates épicos" ou uma linha bem traçada entre o bem e o mal.
No entanto, vou seguir o teu conselho, e na próxima vez que me encontrar no cinema indeciso se há algum filme de jeito, verei Cartas de Iwo Jima e darei a minha opinião. Clint Eastwood já provou que sabe o que faz mas... será que ainda só faz o que já foi feito?

No entanto, em post scriptum, aconselho-vos em troca, a verem diamantes de sangue... e ao contrário de ti simãozinho... eu não gosto de dar "spoilers" >:(

Anónimo disse...

Senhor "anonymous" permita-me fazer um "flame" ao seu comment.
As pessoas são livres de pensarem aquilo que quiserem sobre os fundamentos da guerra, se estão correctos ou errados, se lutam pelo que está certo ou errado se... lutam. Pelo que me apercebi, o "lol de comment" que a Raquel fez questionou se guerrilhar está correcto... não questionou as causas e as consequências das guerras a que meu ver, têm de facto vindo a ser importantes para a nossa "evolução" social mas não se alegre... pois também em muitos casos foram responsáveis pela nossa "involução".

Pensamento do dia: Vamos dar credibilidade a alguém que não tem "testículos" para se identificar e que apesar de não ter limites de palavras para comentar decide "assassinar" como um verdadeiro "Haxaxin" a língua portuguesa?

Simplificar: fdx aprende a comentar ó paspalho!

Anónimo disse...

opa, as guerras são giras, porque há armas e tiros e coisas desse género... e ver gente a morrer é mt bom...avançados só o Postiga, o Hugo Almeida e o Nuno Gomes, já que o Pauleta se retirou da Selecção...

Ó ANÓNIMATUS ESTUPIDUS, E SE TIVESSES CALADO?

Simão disse...

Bom o anónimo acha claro que a guerra colonial foi para Portugal um óptimo estimulante para o desenvolvimento do nosso país...

«Ah mas eu queria dizer guerras mundiais!»

Pois nesse caso, morre mais gente, logo somos mais avançados por causa disso?

A inconsciência e ignorância também é um dos males deste mundo, e parece-me que o anónimo padece destas.


Cumprimentos

Anónimo disse...

Wow nem este nem Babel ganharam o Oscár de melhor filme... e eu não vi o Departed ;O