quarta-feira, janeiro 03, 2007

Ao menos vale a pena...


Segundo uma notícia do Público de hoje, os custos para o referendo sobre o aborto vão render ao estado cerca de dez milhões de euros.
A meu ver não há, creio, qualquer irregularidade na quantia em questão, tendo em conta o assunto de que se trata.
Aliás, devo confessar que aproveitei esta notícia que considero pouco relevante (tomei mais em conta aquela que fazia referência ao facto de cada português ter gasto em média mil euros por segundo na época natalícia) para afirmar que custasse o que tivesse custado, qualquer quantia valeria a pena para permitir a «legalidade deste acto legal» (perdoem-me este propositado pleonasmo).

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?".

Porque quando alguém diz que não ao aborto, está a retirar um direito sagrado a uma mulher que tem toda a liberdade para o fazer. Afirmo sem rodeios que a desculpa de que ao fazer um aborto está a tirar a vida a um ser humano em que já bate um coração é totalmente posta fora de questão: na mortalidade infantil não estão incluídos os abortos.
Dito isto, vou votar sim.
Sim à TOTAL emancipação das mulheres.

Cumprimentos, Simão Martins

12 comentários:

Anónimo disse...

caro colega;) não podia estar mais de acordo contigo. Se as pessoas que dizem que vão votar NÃO no referendo ao aborto com a desculpa de estarem a proteger a vida de um ser inocente que não pediu para existir pensassem na quantidade de crianças que nascem sem ser desejadas e acabam, na "melhor" das hipóteses, abandonadas (sim, porque depois existem todos aqueles casos de crianças que acabam mortas pelas próprias mães.).
Mas nem é isso que está em causa. Estamos a falar sim do direito de uma mulher decidir aquilo que quer fazer com o seu corpo e de lhe assegurar as condições de segurança mínimas para assegurar o seu bem-estar (e todos sabemos em que condições os abortos ilegais são feitos....).
Por tudo isto eu voto SIM no referendo ao aborto. E o que me faz mais confusão é a polémica que este tema ainda causa actualmente, os abortos já são feitos de forma ilegal, porque não fazê-los de forma segura e sem correr riscos?

Anónimo disse...

Comentar sobre o aborto mesmo quando estamos tão perto das votações para o referendo é sempre um risco... apesar de eu ser a favor do "SIM", compreendo completamente a racionalização dos partidários do "NÃO". É impossível combater o argumento usado na maioria dos casos que é "negar a existência". De facto, quando uma gravidez é abortada não é uma vida que é morta mas sim uma vida a que não lhe é permitida viver. Quem somos nós para decidirmos quem pode ou não existir? Semelhanças com a discução sobre a pena de morte? Interessante... mas a resposta é não. Uma vez mais, abortar não é matar, é "não permitir viver".
No entanto, os argumentos dos partidários do "SIM" são eles também lógicos e pertinentes:
-Preferível uma não existência a uma existência frustrada em termos sócio-económicos e/ou físico ou mentalmente destabilizada?
É natural que esses 10 milhões de euros serão necessário para se abordar tal assunto. Acredito que pelo menos 30 ou 40% serão para tempos de antena. Além disso, haverão cidadãos que serão pagos para exercerem democracia... sim, é verdade, cada cidadão que participe numa mesa de voto receberá qualquer coisa como 70 euros dos cofres do estado... Na minha opinião, está errado usarem o orçamento do estado para fazerem a população exercer o que devia de fazer por livre e espontânea vontade: democracia.
Fico contente por ter feito 18 anos e por já ter cartão de eleitor :P

Anónimo disse...

Pois é pah, eu não fui ao recenseamento a tempo, já não vou conseguir votar, mesmo com muita pena. Votaria pelo sim, pelo simples facto de achar que a lei actual é uma lei hipócrita e impraticável. Votaria sim consciente dos grandes riscos que isso acarreta: a última coisa que quero é ver o aborto como um método contraceptivo. Mas ainda tenho confiança de que as pessoas tenham a noção de que um aborto é uma decisão que envolve sérios riscos para a mulher que o fizer, clandestino ou não. E que quem o fizer , irá fazê-lo como último recurso. E sendo último recurso, então, como cidadão, quero que ele seja feito por especialistas, técnicos habilitados e de uma forma legal e prevista na lei. Uma lei adequada à realidade do país, coisa que não acontece de momento. Não concordo com o facto de se enviarem pessoas para a cadeia, porque decidiram abortar. Não será essa atitude, tão ou mais extrema e radical, que o próprio acto de abortar uma gravidez?
Para além de que a nova lei proposta contempla somente abortos até às 10 semanas, menos 2 semanas do que, por exemplo,a lei Espanhola. Pode não parecer, mas é uma diferença substancial e essencial. É a diferença entre um feto que pode sobreviver fora do ambiente uterino materno, e um que não pode. E este é o critério que eu defendo que deve ser utilizado para estabelecer os limites das interrupções voluntárias de gravidez, e fico contente por ser o critério escolhido para vigorar no nosso país.
Uma outra coisa, que eu acho que raramente se discutiu, é o porquê de ser "apenas" a mulher a visada. Porque só se mandam mulheres para a prisão? Que eu saiba, um bebé é feito com duas pessoas. Nunca percebi a impunidade do sexo masculino nesta matéria. Sim, o corpo é da mulher. Mas o filho é dos dois, e creio que há certas responsabilidades que devem ser divididas por ambos os progenitores da criança. Para o bem e para o mal. E creio que esta nova lei vai de encontro a essa problemática, impedindo a penalização das IVG's., acabando por resolver um dos males pela raiz.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Apoio o SIM; um dos motivos é as condições que algumas "futuras mães" passam para abortar em Portugal, isto se não forem para a vizinha Espanha. além de morrer o feto, a mãe também morre - isto admite-se num dito "país evoluido"?

outro é a posição da igreja católica e a força que, infelizmente, tem no nosso pais; uma atitude retrógrada, inadequada aos nossos tempos, onde a chamada "vida" é o extase de tudo (veja-se a relação entre Igreja, Papa e Sida); Simão, só pra saberes uma história, uma das mães de um miúdo com paralisia total queria abortar,quando ele nasceu,para o filho não sofrer o que sofria naquela altura - o míudo morreu em agonia. e a Igreja Católica o que tem a dizer sobre isto?

muito poderia dizer, mas fico por aqui ;) abraço do Pedretti

Pedretti disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

e esqueci-me... Igreja, ÁFRICA e Sida, não papa ^^

Vitor Reis M disse...

Vai um comentário longo, para não variar.
Na discussão que todos vamos fazer, ou que vamos intensificando, em família, entre amigos, nas escolas, nas empresas, há um aspecto prévio sobre que devemos reflectir: deve o Estado, ou seja deve a sociedade que nós todos constituimos intervir junto dos individuos, fazendo de um juizo moral "médio" ou "consensual" ou maioritário, sobre o comportamento de quem aborta, uma lei? Eu acho que deve e quem propõe o referendo também acha, na medida em que se continuará a punir criminalmente quem abortar para além das 10 semanas, prazo de compromisso sustentado com presumível rigor biológico.
Aceito que a sociedade o faça e legisle na base de um juizo moral, pela mesma razão que considero que o Estado deve também vir a vedar a prática de espectáculos públicos de diversão com a morte de seres vivos, designadamente impedindo a miséria televisionada sem bola vermelha que são as touradas.
Resolvida esta questão, a da moralidade, sobra o que está verdadeiramente em referendo e que é de natureza diferente: em que condições e com que consequências irão as mulheres continuar a fazer abortos? Porque na verdade milhares de mulheres farão sempre aborto, todos os anos, queiram ou não queiram os defensores do Não.
Então, deve o Estado não querer saber, tomando como sua única intervenção levá-las a tribunal, para depois cobardemente não aplicar a lei e raramente as prender, mas humilhando-as de caminho?
Mais que um direito de a mulher dispor do corpo, que é matéria que me parece que desvia o foco de onde ele deve ser posto, o ponto é que há um problema grave de saúde pública - saúde física e saúde mental - face ao qual nenhum de nós se deve demitir, havendo um dever de além disso se proteger os direitos à não morte, à não deficiência e aos cuidados de saúde primários de quem é ainda por cima é socialmente mais desprotegido, aquelas que não têm a menor hipótese de pagar a viagem e o internamento nas clínicas de Badajoz, Londres ou Nova Iorque.
Dito isso, até admito perfeitamente que opositores da prática do aborto somos quase todos, pois é seguramente dos mais belos fenómenos da nossa vida ver nascer outra vida.
Agora, se alguém decidir que não quer, ou que não pode, ou até que, futilmente, não lhe apetece (não acredito que haja esta última categoria, apenas admito a hipótese estatística) então que, em tempo adequado - as 10 semanas - o Estado assegure que a mãe e o feto não morrem ao fazê-lo em vãos de escada de terceira, ou com utensílios de cozinha enferrujados.
É cretino que senhoras e senhores da nossa nata social e cultural se arroguem o direito de pregar moralidades privadas, quando deveriam assumir a vergonha da miséria de saúde pública em que o um Não vencedor nos continuaria a mergulhar.
Por tudo isto votarei também SIM, claro.

Anónimo disse...

Por mais que se proiba o aborto, "eles andem aí" e não vão parar de ser feitos. Para quem tem dinheiro, são feitos em Espanha ou numa clínica privada cujos médicos ganham imenso dinheiro à conta desta clandestinidade. Para quem não tem dinheiro e provavelmente precisa muito mais de o fazer, por não ter condições para criar uma criança, faz um aborto num vão de escada qualquer sem qualquer tipo de segurança, o que muitas vezes resulta em infecções e doenças que levam à morte.

Porque não acabar com o crime e a vergonha?

Anónimo disse...

eu nao vou estar com muito alarido sobre esta questao apesar d ser uma das que me revolta mais.eu votaria no sim mas ainda nao m ressenciei...(ups). provavelmente o referendo sobre o abroto vai dar outra vez em nao. Enquanto formos povoados por velhos que nao tem a minima instruçao e que ainda tem ideias la da provincia de onde provêm...iremos ter sempre um não. Espero tar errado e que a decisao final seja o Sim mas infelizmente até a Igreja tem um peso muito forte nisto. ora é aki k m da a tal revolta! QUE CARALHO É K A IGREJA TEM A VER COM ISTO?? é uma instituiçao do mais falsa k pode existir que s limita a enganar as pessoas e seculos e seculos..e k ja ha muito d devia estar enterrada e k infelizmente ainda tem uma opiniao muito forte sobre sbre os assuntos deste género no nosso pais! Ora o k a igreja diz é mais ou menos isto (numa forma radical):" Meus filhos tirar a vida a uma pessoa é pecado e Deus castigar-vos-á s fizerem um aborto" logo aki muitas pessoas ficam com medo das tais "puniçoes do Senhor" (by Valete) e votam contra o aborto. Isto visto desta forma parece um poco estupido e absurdo mas muitas pessoas provavelmente votam Nao baseando-se nakilo k a igreja diz, como se a igreja tivesse o direito d interferir. é tudo...
um beijinho po simao.

Anónimo disse...

so mais uma coisa... indo na corrente dakilo k a rakel disse. poque nao "cancelar" a criaçao duma vida k ainda nem viva é... pa nao estragar duas ou mais? afinal d contas mais vale estragar uma vida do k estragar duas. (isto referente apenas aos casos em k a progenitora nao tem condiçoes pa s sustentar a si mesma kuanto mais aos filhos...)

André disse...

olá, eu sou o André e passei aqui por acaso. li o teu post, li os comentários e parece que são todos pelo sim... pois bem. a minha opinião (e vai ser o mau voto) é ser contra a despenalização voluntária da gravidez. e a razão primordial (e para mim, a mais importante) é que é a possibilidade de uma vida que não estamos a deixar viver.
alguns referiram que é "não permitir viver", mas não é isso também matar? acho que são questões pessoais, que cada qual deve pesar muito bem os prós e contras.
se te interessar, passa no meu blog, que lé tenho mais especificado...
cumprimentos.

ah, e eu também pergunto: se todos podem fazer campanha (pelo sim e pelo não) porque é que não pode também fazer campanha a igreja? quanto aos argumentos que alguem aqui apresentou apenas digo: sobre Deus, amor, vida e morte, aconselho este blog:

derrotarmontanhas.blogspot.com

André disse...

ah, e quando disse "mau voto" queria dizer MEU voto!...