segunda-feira, maio 19, 2008

O paupérrimo jornalismo português! Enfim.

O Primeiro-Ministro fuma! UAU! E fumou num avião! TXI! E foi ele que trouxe à baila a lei do tabaco! HIPÓCRITA!

Pois bem, em vez de se passar para primeira mão de um noticiário o verdadeiro propósito da visita de José Sócrates à Venezuela, que é uma simples atitude de submissão de Portugal em relação a Hugo Chávez, o que se quer é saber que o Primeiro-Ministro que nem sequer é engenheiro e que era para ser gay, talvez enrolado com o Diogo Infante e que afinal se veio a provar ter um relacionamento amoroso com Fernanda Câncio, (respirar) fumou num avião!
Ora, como o escândalo vende e a controvérsia alimenta os mais desesperados leitores que têm que chegar cedo ao trabalho mas enquanto o metro não espreita "cá vai disto", toda a gente sabia que José Sócrates tinha cometido uma grave infracção no vôo para a Venezuela, mas poucos ou nenhuns sabiam o que ele tinha, de facto, ido lá fazer (o que me parece de uma importância muito maior).
O jornalismo português tem sido perito em fabricar notícias que não devem nada ao interesse público, e pergunto-me: será este o emprego em que me vou integrar, sujeito a interesses de mercado ou à necessidade de vender melhor o meu peixe, independentemente da notícia e da sua relevância?

p.s: apenas uma pequena nota para a abordagem ao caso "Geldof/Angola" no programa Quadratura do Círculo de há duas semanas. É engraçado como os interesses condicionam (e de que maneira!) a atitude pública de alguém. Os três intervenientes foram convidados a comentar o tema e, de facto, deu para ver como alguém não poderá dizer aquilo que realmente pensa por razões estritamente profissionais:
Pacheco Pereira, conhecido pelo seu tom ríspido, não poupou: a Bob Geldof, elogios; ao governo de Angola, críticas. O facto de estar "solto" a nível político e de não dever nada a ninguém na esfera diplomática fazem deste senhor um dos mais livres, se assim o quisermos dizer, em Portugal.
António Lobo Xavier aplaudiu a liberdade de expressão, mas não se referiu ao que foi dito pelo músico irlandês, visto ter relações estritas com bancos de representação em Angola.
Por último, António Costa, número dois do PS e presidente da Câmara Municipal de Lisboa, enveredou por uma admirável técnica que alguns apelidam de "engonhar". Contou a história de Angola, as dificuldades por que passaram, a guerra e toda aquela "coitadice", etc. etc. etc., representando, no fundo, aquilo que Pacheco Pereira definiu como um "silêncio incomodado".

Cumprimentos, Simão Martins

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