O Partido Nacional Renovador decidiu colocar um cartaz em pleno Marquês de Pombal contra a imigração, com o slogan que podem ver no título. Ora, devem provavelmente recordar-se de uma metáfora que construi há uns posts atrás, em que era feita a analogia de um corpo humano deformado ou amputado com a sociedade dos dias de hoje.
Esta notícia com que me deparei no Público de hoje demonstra com clareza que ainda existem partes do corpo que precisam de ser reparadas.
Foi colocada na assembleia uma questão que se assemelha a uma opinião que tenho mantido e reforçado de há algum tempo para cá: será que deveria haver permissão e passividade para que estes grupos e/ou partidos com ideologias fascistas possam actuar na nossa sociedade?
De facto, mantenho a mesma postura. Vivemos em democracia e é democraticamente que devemos agir na sociedade. A imigração não pode ser visto como algo nocivo à existência de uma nação. Devemos, isso sim, adequar a nossa postura como país de emigrantes que somos e receber e integrar todos os que decidirem viver no nosso país, tal como nos receberam e integraram quando precisámos de asilo no exterior.
A posição do PNR é clara. Devemos ser retrógados e limitar-nos à nossa existência, tal como acontecia no período do Estado Novo.
Penso que quando o deputado do CDS afirma que “apesar dos sinais preocupantes, a questão não deve ser hipervalorizada” e que "à intolerância devemos responder com tolerância e com um silêncio ensurdecedor, não valorizando a questão” (fica a pergunta: porque será?), está apenas a legitimar a projecção de ideiais que contribuem para o atrofiamento dos membros do corpo que parece disposto a não recuperar.
Embora haja uma aparente concordância geral no que toca à condenação deste cartaz xenófobo e racista, persiste ainda o dilema: se um dos princípios dum estado democrático é a livre expressão de ideias e pensamento, será que poderá ser proibido um movimento deste tipo?
Eu sou da opinião, e não lamento que assim seja, que qualquer género de movimentos, partidos, expressões anti-democráticos (para não dizer fascistas e/ou nazis) devem ser travados, para que não disseminem toda essa ideologia que me parece claramente insustentável na nossa democracia. Posso estar a ser anti-democrático, ou mesmo demasiado radical, mas convém que haja uma postura séria e rigorosa para com a xenofobia e o racismo.
Razoável estou a ser de certeza.
Cumprimentos, Simão Martins