segunda-feira, junho 04, 2007
Hoje não atribuí qualquer título a este post apenas porque não consegui. Há títulos que conseguem resumir posts, mas tal não acontece neste post em questão. Antes de me dirigir qual flecha ao assunto, deixo uma pequena nota introdutória:
Em Outubro do ano passado, fui pela primeira vez a Inglaterra. E tal como não será pertinente ir a Roma sem visitar o Papa, também eu não me coibi de ir a Londres. E em Londres, além do ultra-cliche mas fabuloso Big Ben, tive também o imenso prazer de visitar o mundialmente conhecido museu da cera londrino: Madame Tussaud.
A sério que gostei. Gostámos todos, aliás; tirámos fotografias com os mais variados "presentes" no museu, ainda deu para chocar com o Samuel L. Jackson, enfim, uma tarde muito bem passada mas de que, hoje e agora ,só interessa reter uma parte que se resume a três ou quatro minutos e que será relevante para o resto do post.
Ao passarmos pela parte das celebridades mais actuais, chegámos a uma sala em que jaziam as mais diversas personagens da História: Einstein, Picasso, Van Gogh, entre outros. Por fim, decidi tornar-me também eu numa estátua, embora involuntariamente, talvez pela visão me ter petrificado por inteiro. Ali estava eu, parado, de casaco na mão e máquina fotográfica na outra, em frente ao boneco de cera que quase dava vida a Adolf Hitler.
De facto, só a boca se mexia, por se ir abrindo a pouco e pouco. Gaguejei por momentos, e tudo isto num espaço de pouco mais que três minutos. Passado este tempo, vou alternando o olhar entre a estátua e a máquina fotográfica, até que decido: este não vai ter sequer um espaço na memória desta máquina!
Ora, depois desta "longa curta" nota introdutória, posso então dar seguimento ao episódio que também hoje me surpreendeu.
No âmbito de um trabalho da faculdade sobre o nazismo, a minha pesquisa levou-me a duas conclusões: uma, segundo a Lei de Godwin, que defende que, numa conversa online, se esta se prolongar por algum tempo, a probabilidade de se usarem analogias com Hitler ou nazis atinge praticamente os 100%.
A outra conclusão, demorou-me mais tempo a esclarecer. Ao longo da pesquisa, deparei-me inevitavelmente com a "obra-prima" de Adolf Hitler: Mein Kampf. E ao vê-la ali na íntegra, totalmente exposta na Internet, ali às mãos de qualquer um a obra que defende a supremacia de uma raça acima das outras, tive exactamente a mesma sensação que ao ver a estátua representativa da figura de Hitler. Só que desta vez, não causado por um amadurecimento posterior à visita ao museu, não provocado pelo desenvolvimento intelectual ou sentimental, decidi copiar na íntegra toda a obra para o disco rígido, na pasta Simão do meu computador; copiei para o Microsoft Word, e vi que ocupou sensivelmente trezentos e mais algumas páginas; por fim, gravei o ficheiro na pasta já referida anteriormente com o nome: Mein Kampf - Não Ler.
Só não sei por que raio é que o fiz.
Tanto o copiar, como o dar este nome à dita "obra".
Cumprimentos, Simão Martins
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3 comentários:
Embora não perceba muito bem onde queres chegar com este post, creio que esta será das poucas vezes em que discordamos. Não concordo com a tua atitude. Teres o livro na tua posse, mas obrigares-te mentalmente a não o leres não é a solução. Como podes criticar uma ideologia quando não sabes à partida o que ela defende por direito? Não digo com isto que todos devamos ler o Mein Kampf para ter a certeza de que o Nacional Socialismo é "bom ou mau" (pois eu nunca o fiz e sei perfeitamente do que tratam os ideais Nazis), mas já que tiveste de elaborar o trabalho, fazer investigação, e te deparaste com o ficheiro na Internet, e te deste ao trabalho de o guardar no computador, não entendo porque dizes que não o lês. O "Mein Kampf" e "Assim Falou Zaratustra" eram 2 livros obrigatórios nas mochilas das tropas Nazis, e mesmo assim aposto que não associas o nome de Nietzsche a essas ideologias. Eles apenas interpretaram o livro à sua maneira. Deves elaborar a tua opinião e não criticar algo em função da opinião da sociedade. E repara que isto se aplica a tudo na vida. Se queres criticar uma religião, é no mínimo coerente que saibas a linhas porque ela se rege, que tenhas conhecimento das suas escrituras, se queres criticar um partido tens de ter a noção da ideias que eles têm, e das acções, para saberes que não concordas com elas. E no caso do Nazismo considero especialmente importante que as pessoas não se esqueçam, esse não é caminho. Por isso não me choca a estátua de cera de Hitler, pelo contrário. É preciso que as pessoas não esqueçam. Acho que só tinhas a ganhar em ler o livro.
Quanto ao dizeres que o livro está na Internet ao alcance de qualquer um, bom isso é uma outra questão, aquele eterno paradoxo da liberdade de expressão sobre o qual já falaste aqui uma vez. E este comment já vai mas é muito longo, lol.
Abraço
Eu já estava à espera que tivesses essa opinião. E, sinceramente, aceito a tua discordância, até admito que podia ter guardado o ficheiro apenas como Mein Kampf. Mas certamente saberás que, como aluno de Humanidades e agora Ciências da Comunicação que sou, informação sobre Hitler e a sua doutrina não me falta. E sabes que mais, provavelmente até leio o livro, um dia destes. Mas não será em computador, vai ser numa encadernação como qualquer outro e terá o direito a ser folheado como se de uma obra qualquer se tratasse.
O facto de eu o ter guardado com esse nome prende-se muito com o choque do momento, ter ali "palpável" a obra que defende tudo aquilo que vai contra os meus princípios e valores.
E para o criticar, não vou precisar de ler o livro. E sabes porquê? Porque, ao contrário de uma religião, ali a merda é sempre a mesma. E acho que acabava por me aperceber disso mais cedo ou mais tarde.
É por isso que digo que se ler o livro, o farei apenas por mera curiosidade.
Em relação à estátua, digo-te, foi um momento constrangedor. Achei o Bush um bocado banal, o Fidel também me chamou um bocado à atenção, mas o Hitler...
Ou então não passo do ser mais ingénuo à face da terra.
A ver vamos e é isso que se passa (olha que este também não está nada pequeno).
Para mim és um neo-nazi em potência...
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