quinta-feira, abril 26, 2007

"Então, o que foi o 25 de Abril?" "Hum...foi o dia da Liberdade!"

Com um dia de atraso e por isso peço desculpa, aqui vos deixo o post sobre o 25 de Abril.



O título do post provém de uma conversa sobre o 25 de Abril com uma menina de dez anos. Não terá sido ingénua a sua resposta, antes pelo contrário. Numa palavra que resume tudo, realmente podemos dizer que o 25 de Abril foi o dia da Liberdade.

O mais curioso é que muita gente da idade da Beatriz não reconhece sequer a data. Se o consegue fazer, suponho que seja por considerarem esta data «mais um feriado». E é aqui que concordo com Cavaco Silva, numa das declarações sobre os 33 anos de democracia em Portugal. Não devemos menosprezar esta data, quanto mais considerá-la efémera. Porque não o é.

Quem o faz, ou tem memória curta, ou é ignorante.

Durante os quarenta e um anos autocráticos que governaram Portugal, algo não governava com certeza: a liberdade. E não era só a liberdade de imprensa, ou liberdade de expressão; era sobretudo a liberdade de viver, acessível apenas a poucos. Não se pondo em questão esta última, temos que reconhecer que a liberdade de imprensa, pelos vistos, não está assim tão adquirida. Mas não nos desviemos do assunto que impera.
António de Oliveira Salazar é o grande responsável pelo estado em que Portugal hoje se encontra. A sua ambição de um país mais poderoso, mas que apenas poderia engrandecer através de si mesmo, derrotou-nos à partida. Outro aspecto fulcral, que só deixará de ter marcas daqui a umas décadas, a Guerra Colonial. Nunca na história fomos tão ridículos, nem quando D. Sebastião decidiu ir brincar às espadas para Alcácer Quibir. Uma guerra que dura 13 anos e que ainda por cima é irracional e condenada pela comunidade internacional só pode ser encabeçada por alguém não muito inteligente.

Enfim, a história de Portugal é contada todos os dias nas aulas de história, e eu queria apenas deixar aqui alguns memorandos.

Mas se é certo que já passaram trinta e três anos, o certo é que a luta por um país mais justo e democrático ainda não acabou. O cruzar dos braços é impossível, pois Portugal tem uma missão para consigo mesmo, e para com a Europa. Temos um comboio para alcançar, e tudo isso não passa apenas por reduções do défice, enriquecimento desmedido do estado, etc..
O facto de termos há dois meses conseguido permitir que uma mulher tivesse um direito absoluto sobre si de querer ou não interromper a sua gravidez, foi um passo enorme em termos de um estado mais íntegro e também da importância das mulheres na sociedade vigente.

Não me querendo alongar muito mais neste post, fica apenas a sugestão: não se esqueçam nunca do que foi o 25 de Abril. É por causa desse dia que hoje podemos falar na rua, podemos votar, podemos protestar, podemos até contestar abertamente, sem que sejamos condenados por isso.

Ganhámos o direito a viver.
E a viver democraticamente.

Por isso, não o desperdicem.

Cumprimentos, Simão Martins

2 comentários:

Anónimo disse...

só tenho a fazer uma coisa, simão...

clap, clap, clap.

belo texto, sim senhor!

para mim o momento mais marcante foi o enfrentar das tropas de Kaulza Arriaga por um corajoso e sempre valoroso Capitão de Abril Salgueiro Maia, em que as forças de Kaulza se voltam contra as ordens de fogo e juntam-se ao movimento de Salgueiro Maia - está retratado no filme "Capitães de Abril", e esse excerto está no meu blog... quem quiser dar uma olhada - reflectionsofamirror.blogspot.com ;)

abraços, beijinhos e arrobas do Pedro ;)

Anónimo disse...

De facto, internet, blogs e comentários desses seriam díficeis (não impossíveis, crime, mesmo nobre é possível)

Enquanto a Salgueiro Maia, é triste poucos saberem quem ele foi e o que fez. Para mim, ele foi o verdadeiro cabecilha do golpe de estado que nos deu a democracia e ainda mais triste é, ouvir comentários de que Portugal necessita de Salazar... talvez de um Salazar pré-Estado Novo com o seu brilhantismo economista?