domingo, junho 22, 2008

Separados à nascença 3




Os convidados de hoje, Roberto Donadoni (seleccionador italiano) e Wayne Coyne (líder dos Flaming Lips) foram separados à nascença, mas uma coisa é certa: anos mais tarde, frequentam o mesmo barbeiro!

Cumprimentos, Simão Martins

sábado, junho 14, 2008

Viva a Vida ou a Morte e Todos Os Seus Amigos

Os Coldplay são a banda paradigmática que representam aquela síndrome de banalização que acompanham uma banda que se vê a braços com uma explosão de sucesso, após a edição de um álbum particularmente inspirado.


Hoje em dia, para alguém que se diga apaixonado pela música por géneros alternativos ou por rock em geral, é quase um sacrilégio afirmar que se gosta de Coldplay. Mas eu bem me lembro aqui há uns anos, quando surgiu o primeiro álbum Parachutes, o quarteto britânico era a grande sensação da cena Indie. Um album que poucos conheciam, mas que continha hinos que se tornaram intemporais, e tão característicos da banda, tais como Yellow ou Touble. Quando o 3º album de originais saltou para os escaparates, os Coldplay foram apelidados de vendidos, lamechas, choninhas, U2 "wannabe's", etc. Mas a verdade é que não tenho quaisquer dúvidas que, se X&Y tivesse sido o primeiro album dos Coldplay, teria tido uma enorme sucesso dentro da mesma comunidade que aclamou Parachutes ou A Rush of Blood to The Head. Mas quando uma banda deixa de agradar a 200 pessoas, para agradar a 200 mil, subitamente sofrem esta etiquetação bacoca e mesquinha, passando de anti-heróis e ídolos, a vendidos desinspirados, só porque agora enchem o Pavilhão Atlântico, em vez de encher o Santiago Alquimista.


Os Coldplay fazem baladas rock de estádio como ninguém faz actualmente. A verdade é esta. E não se propõe a fazer mais nada para além disso. Se eu quiser ouvir um album de Radiohead, ouço os originais. Não preciso, nem quero, que os Coldplay os imitem. E eles não o têm de fazer, apenas para se manterem fiéis ao público que os idolatrava no início da sua carreira. Acho que para uma banda evoluir, ela precisa, necessariamente, de aumentar o raio do seu público-alvo. Muitas tentam e não conseguem. No caso dos Coldplay, de álbum para álbum, eles foram aumentando a sua riqueza de produção, as melodias tornaram-se mais épicas e ambiciosas, e graças a isso, conquistaram o seu lugar. E para mim, há que dar mérito a isso. Mas há muito mais na música dos Coldplay, muito mais há a explorar, para lá desse estereótipo que lhes foi colocado. É só preciso ouvir com atenção.

As insistentes comparações aos U2 são uma arma frequentemente usada para minimizar e desvalorizar as obras que os Coldplay editam, numa tentativa bacoca e desesperada de descredibilizar o mérito que a banda tem em chegar aonde chegou. Não é bocado ridículo criticar quem inventou o iogurte líquido de morango, só porque já existe alguém que inventou iogurte natural há "x" anos? Não é a música uma arte em constante evolução (tal como todas as outras artes), em que as novas criações implicam sempre inspiração em obras anteriores? Não se enganem, sempre foi assim, e sempre será. Nada nem ninguém cria nada do zero. A diferença está em quem consegue manter essas inspirações o mais subtil possível, e criar uma mistura tal, que se acaba por criar o estilo próprio. E assim, a cópia transforma-se em inovação. O que é certo é que os Coldplay conseguiram-no. É música comercial? Talvez, se é fácil de se ouvir, trabalha com harmonias agradáveis de acordes em modo maior, riffs de guitarra com muito reverb, refrões orelhudos, e todo um sem número de pormenores técnicos que definem "música comercial". Mas é com certeza da melhor que para aí anda. Porque os gostos não se discutem, educam-se.


Não obstante tudo isto, os Coldplay querem por para trás essa imagem de "crowd pleasers", que tende a toldar aquilo que realmente interessa: a música.
Para o novo álbum, para além de arranjarem um título simplesmente horroroso (Chris Martin simplesmente não tem jeito para nomes nem para letras, é a única crítica mais negativa que tenho em relação a estes rapazes) os Coldplay esqueceram a fórmula A:B:A:B:C:B, para se dedicarem a explorar novos caminhos. Não tiveram medo de experimentar novos instrumentos, usam e abusam das orquestrações e sintetizadores, e as músicas tornaram-se menos óbvias. A estrutura das canções é mais complexa, e não são poucas as vezes em que encontramos mudanças drásticas no ritmo a meio de uma faixa. Existem 3 faixas escondidas, em 3 músicas diferentes, e por mais que tentemos, em Viva La Vida não existem singles óbvios. No álbum conseguimos indentificar nuances dos 3 álbuns anteriores ("Strawberry Swing" - Parachutes, "Yes" - A Rush of Blood...; "Lost!" - x&y), mas por outro lado, encontramos uma nova vontade, uma nova preocupação em ser mais imprevisível, como no muito Arcade Fireano "Lovers in Japan/Reign of Love", "42" ou no single "Violet Hill".


Um passo corajoso a tomar, mas que, a meu ver, peca por ser curtinho, e por ser demasiado óbvio. Esforçaram-se demasiado, e gostaria de ver um album mais ambicioso, mais audaz. É um album paradoxal: dá vontade de dizer que é o melhor que os Coldplay já fizeram até hoje, mas que lhe falta algo. Dentro deste género em particular há muita luta e escolha, e os Coldplay, se quiserem continuar por este caminho, precisam de fazer mais e melhor. No entanto, acho que esta nova direcção dos Coldplay é a mais acertada, e estou muito curioso para ver o que mais poderá surgir daqui. Viva la Vida não deixa de ser, no entanto, a melhor coisinha que eles já fizeram. E digam o que disserem, não consigo não gostar de Coldplay.


Alinhamento (em negrito, aquelas que mais me chamaram a atenção)


"Viva la Vida or Death and All His Friends"

Life in Technicolor
Cemeteries of London
Lost!
42
Lovers in Japan/Reign of Love
Yes
Viva la Vida
Violet Hill
Strawberry Swing
Death and All His Friends



Lost! - Coldplay

quarta-feira, junho 11, 2008

Lição de Sabedoria

"A única coisa que existe para prever o futuro é o Tarot. O resto são tretas e não devias acreditar nisso", in Morangos Com Açúcar

Foi durante uma pausa no meu estudo, enquanto "zappava" pelos canais de televisão à procura de um directo de Neuchâtel que me informasse qual é o after-shave do Miguel Veloso, que me deparei com esta afirmação absolutamente "iluminante" e esclarecedora. A sério pessoal, esqueçam lá os exames e aprendam mas é alguma coisa com estas pérolas com que esta aclamada série juvenil nos brinda todos os dias.

sábado, junho 07, 2008

Rock In Rio

Bom, e os 53€ lá nos valeram, com três grandes concertos. Aqui vos deixo uma das canções da noite, Starlight, dos Muse. De resto, Kaiser Chiefs e Offspring deram autênticos espectáculos de guitarradas e coros.




Cumprimentos, Simão Martins

quinta-feira, junho 05, 2008

O coração aperta

E diz que é já amanhã...

terça-feira, junho 03, 2008

Ah, patife!!

O Scolari anda a enganar-nos, minha gente. O gajo andou no regabofe antes de ir para a Suíça. Mesmo com óculos e cabelo pintado, descobri o malandro no Rock in Rio a assistir ao concerto dos Tokio Residencial. Olha lá ali o gajo a pensar que ninguém dá por ele... Patife!










P.S.: Agora olhem bem para as fãs dos Tokio Motel. Vá gritem lá: "AAAHHHHH!!! F************, CUM CAR*******!!"

São lindas, não são? Medo.....

segunda-feira, junho 02, 2008

Acerca de Profissionalismo e Hipocrisia


Foi com muita curiosidade que, na passada 6ª feira, me pus a ver o concerto da famigerada Amy Winehouse que estava a ser transmitido pela televisão, naquele que foi o 1º dia do Rock in Lisboa 2008. Depressa a curiosidade deu lugar à perplexidade e ao espanto. Não pelo mais que óbvio estado miserável em que a cantora se apresentou no palco, porque quem tem a paixão pelo mundo da música como eu, há muito que está habituado a ver o nome de Amy Winehouse nos escaparates devido às suas aventuras e complicações com a droga e o álcool, dizia eu que não tanto em relação a isso, mas mais em relação ao absurdo da questão.


Não foi portanto com surpresa que vi aquela rapariga franzina a subir ao palco, cambaleante, desorientada, naquele seu estilo próprio de dançar timidamente ao ritmo das músicas a que dá voz. Mas na 6ª passada não foi isso que aconteceu. Amy Winehouse não deu voz a nada. Ou se deu, não terá sido à sua música, mas antes à alimentação de uma imagem que a persegue há muito tempo, imagem essa que alimenta todo um hype, a meu ver, inexplicável, e que levou 90 mil pessoas a esgotar o primeiro dia do Rock In Rio (bom, ok, talvez a Ivete Sangalo e os nossos amigos brasileiros tivessem dado uma ajuda).

Vamos lá a ser francos: Amy Winehouse tem uma voz espantosa, sim, mas é só. Ela nasceu com um dom e um talento que muitos matariam para ter. E inexplicavelmente, ela não quer saber disso. A sua música não tem nada de inovador, é apenas revivalista. Sim, ela construiu todo um imaginário e um visual próprio, que a torna única. Pois, mas também os Tokio Hotel o fizeram.
Aquilo a que se assistiu na passada 6ª feira, não foi mais do que um circo lamentável, um espectáculo triste. Como é que alguém se deixa expôr daquela maneira? Não só é uma falta de respeito para com o público, mas principalmente para com os membros da sua banda, que ensaiaram durante 2 semanas que antecederam o espectáculo, sem que Amy tivesse comparecido a um único ensaio. E que falta de respeito por si mesma.
Ao olhar para o que a televisão me mostrava, não vi diferença entre a rapariga que estava a (tentar esforçadamente) "cantar", ou uma drogada que pede esmola, ou anda a arrumar carros para comer. A diferença está em que uma faz 8€ num dia, e a outra, 8000 numa hora.

Naquele que era o único concerto marcado para 2008 (sem contar com o facto de que não actuava desde Novembro de 2007), Amy Winehouse apareceu no palco atrasada, afónica, drogada e provavelmente embriagada, com um pulso ligado, um corte no braço e uma escoriação no pescoço, esqueceu-se da letra várias vezes, alterou a estrutura de músicas, tropeçou, cambaleou, tentou várias vezes por uma guitarra ao pescoço (precisou da ajuda de um roadie para o fazer), e única coisa que se lembrou de dizer ao público foi que o marido saía da prisão daí a poucas semanas. Seria de esperar o mínimo de preparação e antecipação para um concerto absolutamente isolado. Ah sim, mas disse que a voz dela estava uma merda. Palavra que não me teria apercebido disso se ela não o dissesse...


É mesmo com muita tristeza que vejo alguém desperdiçar um talento como o de Amy, mas poucas pessoas mais há a culpar, senão ela própria. Sim, claro que ela tinha a pressão da editora e o peso da expectativa da crítica nas costas (parece que do outcome deste concerto dependia uma digressão pelos EUA - escusado será dizer que as perspectivas não são boas). Mas é assim há já algum tempo. O que mais me entristece é ver alguém chegar a tamanho estado de degradação e auto-humilhação, ao vivo e em directo. É ver que o que é explorado não é a música, não é a voz, nem mesmo o ambiente 50's que rodeia o culto Amy Winehouse, mas sim a imagem de uma toxicodependente, uma pessoa frágil, com sérios problemas, e que caminha rapidamente para uma espiral de auto-destruição com um fim muito negro. É ver alguém a lucrar com isto.

E tudo, só "por um mundo melhor"...